Estudo mostra que operadoras de telefonia não são sustentáveis sem pagamento das big techs pelo uso das redes.

As operadoras de telefonia brasileiras estão em meio a uma disputa com as chamadas big techs, como Meta, Alphabet, Netflix e outras empresas de tecnologia, em relação ao uso das redes de internet. Um estudo protocolado na Anatel pelas operadoras demonstra a preocupação do setor com a possibilidade de as big techs não serem obrigadas a pagar pelo uso excessivo das redes, o que poderia comprometer a sustentabilidade do negócio.

Desenvolvido por Igor Villas-Boas, ex-conselheiro da agência reguladora e atualmente associado ao escritório Alvarez & Marsal, o estudo destaca que as empresas de tecnologia concentram mais da metade do tráfego que circula na infraestrutura de telecomunicações no Brasil. Essa concentração, de acordo com Villas-Boas, influencia diretamente a arquitetura das redes e os investimentos necessários por parte das operadoras.

O estudo também aponta que, globalmente, oito empresas, incluindo as mencionadas anteriormente, são responsáveis por mais de 65% de todo o tráfego da internet. Diante desse cenário, as operadoras buscam convencer a Anatel de que o retorno sobre o capital investido é o principal desafio para o setor no longo prazo.

Segundo Villas-Boas, as operadoras brasileiras enfrentam desafios únicos devido à extensão territorial do país e à necessidade de investimentos constantes em infraestrutura. Além disso, ele ressalta que o setor de telefonia é um dos mais intensivos em investimento, e o retorno obtido pelas empresas está abaixo da taxa básica de juros, o que limita a capacidade de reinvestimento e expansão das redes.

A Anatel está analisando informações do setor para decidir se será necessário implementar uma cobrança adicional às big techs e outros produtores de conteúdo pela sobrecarga nas redes. A discussão sobre a regulação do uso das redes de internet continuará sendo um tema importante no cenário tecnológico do país nos próximos anos.

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