De acordo com a pesquisa, mulheres em relacionamentos com mais de três anos de duração informaram sentir amor ou paixão por seus parceiros com 55% menos frequência do que as mulheres em relacionamentos mais recentes. Já entre os homens, esse índice foi de apenas 9%.
Os dados foram coletados ao longo de dez dias, com participantes registrando com quem estavam e como se sentiam em intervalos de 30 minutos. Um questionário mais longo também foi aplicado para complementar as informações sobre o tipo de amor que sentiam.
A pesquisadora responsável pelo estudo, Saurabh Bhargava, da Carnegie Mellon University em Pittsburgh, nos Estados Unidos, acredita que a intensa queda no afeto das mulheres pode ser explicada em parte pelo fato de que elas tendem a se apaixonar de forma mais extrema no início do relacionamento, mas também está relacionada à percepção de que a divisão das tarefas domésticas e do cuidado com as crianças não é justa no casamento.
Segundo Bhargava, as mulheres acabam assumindo a maior parte do trabalho em casa, enquanto os homens passam mais tempo relaxando ou cochilando. Este desequilíbrio na divisão das tarefas é algo que não é novidade, como revelou um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontou que as mulheres dedicam 9,6 horas por semana a mais do que os homens aos cuidados da casa ou de entes queridos.
Além disso, um estudo publicado no Archives of Sexual Behaviour mostrou que a divisão desigual das tarefas do lar em relacionamentos heterossexuais está relacionada à queda de desejo sexual nas mulheres. Os autores do estudo sugerem que a percepção do parceiro como alguém “dependente” e a injustiça na divisão do trabalho doméstico são os principais motivos para a diminuição do desejo sexual feminino.
Portanto, o problema vai além do desinteresse sexual, sendo um reflexo da desigualdade de gênero e da divisão injusta das responsabilidades domésticas. Esses resultados levantam questões sobre a forma como as sociedades encaram o papel das mulheres na família e como a divisão das tarefas pode afetar não apenas o relacionamento, mas também a satisfação e o bem-estar das mulheres.