O Brasil é o segundo país com a maior taxa de cesáreas do mundo, com cerca de 60% dos partos sendo realizados por esse método. Nas instituições privadas, essa taxa chega a ultrapassar os 80%, muito acima do limite máximo de 15% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O Programa Parto Adequado foi lançado em 2015 com o objetivo de reduzir a incidência de cesarianas desnecessárias e promover o parto normal, melhorando a assistência obstétrica.
Os dados do estudo indicaram que a redução mais significativa nas taxas de cesárea ocorreu a partir de 2018, sendo que em 2019 a taxa ainda ficou em torno de 72%, superando a estimativa dos pesquisadores de cerca de 45%. A pesquisa analisou 277.747 nascimentos em maternidades selecionadas, onde 77% dos partos foram por cesárea. Fatores como idade, raça, estado civil e escolaridade da gestante também influenciaram a decisão de realizar a cesariana.
Segundo a autora principal do estudo, Andrea Campos, o uso excessivo de cesáreas sem indicação clínica está associado a complicações tanto a curto quanto a longo prazo, além de aumentar os gastos com saúde. A redução nas taxas de cesárea nos hospitais privados de São Paulo demonstra a importância de políticas públicas bem conduzidas e do envolvimento das mulheres e profissionais de saúde na mudança do cenário da assistência ao parto e nascimento. Novos artigos estão sendo preparados pela equipe, com análises sobre as práticas assistenciais e recomendações baseadas em evidências científicas para o parto normal.