Estudo aponta redução de 37% no risco de AVC com anticoagulante em pacientes de fibrilação atrial controlada por marcapasso.

Anticoagulante pós-Covid reduz risco de trombose em 67%, aponta estudo

O uso de anticoagulantes para prevenir a formação de trombos que podem levar a derrames ou AVCs em pacientes com fibrilação atrial, o tipo mais comum de arritmia cardíaca, já é comprovadamente eficaz. No entanto, a eficácia desse tratamento em pacientes que possuem fibrilação atrial, mas não apresentam sintomas clínicos, era desconhecida até então, já que estes são controlados por marcapasso.

No entanto, um novo estudo publicado em novembro na revista especializada The New England Journal of Medicine apontou que a apixabana, um anticoagulante oral seguro e eficaz, reduziu em 37% o risco de AVC em pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso, comparado ao tratamento com aspirina. A eficácia foi ainda maior na proteção de AVCs graves, de 49%.

Embora o anticoagulante tenha provocado um leve aumento na incidência de sangramentos nos pacientes do estudo, em comparação à aspirina os sangramentos foram mais leves e em áreas na região intracraniana com menor risco para causar hemorragias cerebrais.

A pesquisa foi conduzida em mais de 200 centros em 16 países e foi liderada pelo cardiologista brasileiro e professor da Universidade de Duke, Renato Lopes, juntamente com pesquisadores do Instituto do Coração de Ottawa (Canadá), da Universidade de Montreal e da McMaster University (Ontario), além de outras instituições.

O estudo envolveu a análise de 4.012 pacientes com fibrilação atrial controlada por marcapasso ou implantes e com ou sem histórico de derrames, divididos em grupos para receber apixabana ou aspirina. No grupo que recebeu apixabana, foram registrados 55 casos de derrame, contra 86 no grupo controle. A apixabana reduziu em 37% o risco de um AVC e em 49% o risco de um AVC grave. Além disso, a aspirina esteve associada a eventos de sangramento mais graves, comprovando achados anteriores de como a aspirina pode provocar sangramento se usada diariamente em pacientes com risco cardíaco.

O resultado desse estudo deve servir de base para a produção de uma nova diretriz brasileira de fibrilação atrial, que deve considerar o benefício de pacientes com o quadro subclínico iniciarem o tratamento anticoagulante para reduzir o risco cardiovascular. Além disso, um estudo mais refinado, analisando os diferentes desfechos encontrados em cada subgrupo, deve ajudar a orientar o tratamento adequado para cada paciente.

O pesquisador ressalta que a chamada inércia terapêutica é uma das principais barreiras para o avanço de novas diretrizes e protocolos terapêuticos no país. “Isso passa por todos, desde o paciente, familiares, até médicos e profissionais de saúde em clínicas e hospitais. Por isso, nossa melhor ferramenta é a educação, através de estudos científicos sólidos, que ajudam a orientar na melhor prática”, disse Lopes.

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