Com capítulos narrados em primeira pessoa por diferentes personagens, o livro propõe um jogo de responsabilidade, mostrando como cada indivíduo pode estar ligado aos acontecimentos. Piñeiro, que é ativa na defesa do direito à interrupção da gravidez, traz à tona questões como violência contra a mulher e feminicídio em suas obras, que refletem a sociedade contemporânea.
Na Argentina, onde o aborto foi descriminalizado em 2020, o livro foi lançado em meio a debates sobre legislação e direitos reprodutivos. Piñeiro destaca a importância da solidariedade latino-americana na luta das mulheres por seus direitos e enfatiza que a ficção tem o poder de sensibilizar para causas importantes.
A autora, uma das argentinas mais traduzidas, não se vê com a responsabilidade de educar através de suas obras, mas reconhece o potencial da literatura em sensibilizar e abrir novas perspectivas. Ela acredita que filmes e livros podem atingir públicos que não são alcançados por argumentos diretos e técnicos.
Apesar de ser cética quanto à capacidade da ficção de mudar diretamente uma situação social, Piñeiro já recebeu feedback de leitores que mudaram de posição em relação ao aborto após ler seu livro. Para ela, as obras de ficção têm o poder de influenciar a forma como as pessoas pensam e enxergam determinadas questões, contribuindo para debates e reflexões importantes na sociedade contemporânea.