Escritor Ailton Krenak é eleito primeira pessoa indígena na Academia Brasileira de Letras em noite histórica com superlotação.

Na noite de sexta-feira, o escritor Ailton Krenak fez história ao se tornar o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras, em uma cerimônia marcada pela superlotação de convidados no Petit Trianon, no Rio de Janeiro. A chegada de Krenak à ABL foi celebrada como um marco simbólico na relação da instituição centenária com os povos originários do Brasil.

Ao chegar à sede da ABL, Krenak ressaltou a importância do momento e afirmou que sua eleição representa uma virada de página na história da Academia. Ele expressou a expectativa de que outras diversidades étnicas também possam ganhar espaço na instituição, destacando a importância de trazer as línguas indígenas para um espaço fundamental da lusofonia.

Durante a cerimônia de posse, o escritor foi recebido pela acadêmica Heloísa Teixeira, que ressaltou a importância histórica da ocasião. A espada foi entregue a Krenak pelo escritor Arnaldo Niskier e o colar pela atriz Fernanda Montenegro.

Em seu discurso, Krenak destacou a necessidade de valorizar a oralidade e a diversidade linguística do Brasil, propondo a criação de uma plataforma na ABL semelhante à sua Biblioteca Ailton Krenak, que concentra materiais sobre diferentes línguas nativas. A entrada do escritor na Academia foi vista como uma reparação histórica por alguns imortais, como Zuenir Ventura.

Os recentes esforços da ABL em incorporar maior diversidade entre seus membros foram evidenciados com as eleições de figuras como Fernanda Montenegro e Gilberto Gil. A chegada de Krenak à instituição foi amplamente elogiada por representar um novo momento de abertura e inclusão.

Nascido em 1953 no vale do rio Doce, Minas Gerais, Krenak tornou-se conhecido como ativista socioambiental e defensor dos povos indígenas. Sua atuação na Assembleia Constituinte de 1987 foi essencial para a inclusão de demandas dos povos originários na Constituição de 1988. Com uma obra literária traduzida para 13 países, Krenak consolidou-se como um intelectual de destaque, com livros como “Ideias para Adiar o Fim do Mundo” e “A Vida Não É Útil”. Sua eleição para a Academia Brasileira de Letras representa um novo capítulo na história da instituição, marcado pela busca contínua por representatividade e pluralidade.

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