Os áudios revelaram que todos os funcionários envolvidos na entrega do passaporte conheciam a identidade do traficante. No entanto, as autoridades uruguaias entregaram o documento em tempo recorde, permitindo que o narcotraficante, com seu novo passaporte, conseguisse deixar os Emirados Árabes e se esconder.
Além disso, a divulgação das comunicações em aplicativos de mensagens revelou contradições nos argumentos usados pelos funcionários para justificar a entrega do passaporte. O então chanceler afirmou anteriormente que, quando o documento foi emitido, ninguém sabia quem era o traficante. No entanto, as mensagens contradiziam essa afirmação.
O presidente, que estava em turnê pelos Estados Unidos quando o escândalo veio à tona, aceitou as renúncias dos funcionários envolvidos assim que retornou ao país e mencionou que o caso estava nas mãos da Justiça, insistindo que o passaporte foi emitido legalmente.
No entanto, as contradições e a falta de esclarecimentos levantaram dúvidas sobre a possibilidade de corrupção ou até mesmo a infiltração do narcotráfico no Estado uruguaio. Apesar disso, a governabilidade do país, por enquanto, não está em risco, e a oposição tem se mostrado moderada, optando até o momento, pela não cassação do presidente.
Este escândalo, embora o mais grave, não é o primeiro a abalar o governo uruguaio. Desde o início da gestão, 15 ministros renunciaram ou foram removidos, resultando na maior rotatividade por questionamentos desde a restauração da democracia. Além disso, o presidente foi vinculado a outros escândalos, incluindo a utilização de canais oficiais para averiguar o destino da viagem de sua ex-esposa.
Apesar do cenário desfavorável, a governabilidade do país não está em risco, e a oposição tem optado pela moderação. A Justiça está encarregada de resolver a questão, mas é claro que o impacto desse escândalo ultrapassa as fronteiras do país e coloca em dúvida a estabilidade do Uruguai.