Em meio a disputas judiciais, missão da ONU para apoiar segurança no Haiti enfrenta incerteza e atrasos com impacto na escalada da violência urbana.

A missão internacional aprovada na ONU em outubro passado, para apoiar a polícia nacional do Haiti na luta contra a crise de segurança urbana que assola o país, parece cada vez mais incerta devido aos últimos acontecimentos no Quênia, a nação africana que se dispôs a liderar a operação. No mais recente capítulo da batalha judicial em torno da missão de apoio, o Supremo Tribunal do Quênia prorrogou uma ordem que impede temporariamente o envio de mil policiais quenianos ao Haiti. A decisão foi tomada logo após o Parlamento do país aprovar o pedido do presidente William Ruto para enviar a força de segurança, em um debate acalorado. Essa incerteza traz consigo uma série de implicações, já que a expectativa era a de que, uma vez que o Quênia desse o pontapé inicial no envio de homens, mais países se prontificassem a participar da missão.

A indefinição do envio da força multinacional para apoiar o Haiti afeta diretamente o plano que era projetado para ter início em janeiro. O Supremo Tribunal do Quênia disse que só emitirá uma nova decisão em 26 de janeiro, atrasando qualquer possibilidade de envio da força de segurança. Enquanto isso, o debate sobre o tema está travado em Nova York, onde está localizada a sede do Conselho de Segurança. Além disso, paralelamente às negociações na ONU, o Brasil planeja oferecer treinamento policial aos haitianos, mas sem enviar efetivos.

A situação se torna ainda mais crítica devido à onda de violência que assola a capital Porto Príncipe, onde grande parte do território é controlado por gangues armadas e sob um governo disfuncional representado pelo primeiro-ministro Ariel Henry. Recentes acontecimentos, como a morte de um dos líderes da coalizão de gangues G9, conhecido como Iskar Andrice, acirraram a disputa territorial entre as gangues. Iskar, que era um dos líderes da G9, estava envolvido em crimes de assassinato, extorsão, estupro, roubo de mercadorias e caminhões.

A situação também é agravada pelo processo de investigação do assassinato do presidente Jovenel Moïse, que não avança devido à disfuncionalidade das instituições haitianas. Com a espiral de violência urbana e a incerteza em torno do envio da missão de apoio à polícia haitiana, a situação no país do Caribe parece se agravar a cada dia.

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