Recentemente, três associações ligadas ao autismo e pessoas com deficiência entregaram um dossiê à nova ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, denunciando o que consideram uma forma de “regime manicomial moderno” e uma grave violação aos direitos humanos. O foco da denúncia era a prática do excesso de horas de terapia imposta a autistas no Brasil, especialmente aquelas baseadas na Análise do Comportamento Aplicada (ABA).
A repercussão do dossiê nas redes sociais gerou debates acalorados, com críticas vindas de outras associações, pesquisadores, autistas e familiares. Os críticos alertam para o risco de retrocesso no acesso a terapias baseadas em evidências científicas, bem como o impacto negativo nas políticas públicas existentes no Brasil.
Segundo o CDC americano, as abordagens comportamentais, como a ABA, são amplamente aceitas como eficazes no tratamento do TEA. No entanto, a realidade no Brasil mostra que o acesso a tratamentos adequados para autistas, especialmente pelo SUS e na rede privada, é limitado e muitas vezes não atende às necessidades intensivas desses pacientes.
A denúncia de terapias com mais de 60 horas semanais contrasta com dados reais que revelam a escassez de acesso a tratamentos intensivos para autistas no Brasil. É fundamental cobrar práticas que respeitem os direitos humanos, mas também garantir que sejam baseadas em evidências científicas e conduzidas por profissionais qualificados.
Diante dos debates acalorados e das divergências de opinião, é necessário promover um diálogo mais democrático e construtivo sobre as políticas para autistas no país. Mais do que acusações, é preciso buscar soluções que garantam o bem-estar e os direitos dos autistas, sem repetir os erros do passado.