Disputa astronômica acentua preocupações com impacto dos satélites na observação terrestre. Astrônomos buscam soluções para a interferência crescente.

O céu noturno, um dos elementos mais fascinantes e históricos da humanidade, tem sofrido constantes interferências de satélites que atrapalham as atividades astronômicas. Em dezembro de 2020, astrônomos documentaram uma explosão de luz altamente energética em uma das galáxias mais distantes já observadas. Um feito inédito que provocou grande expectativa na comunidade científica. Contudo, menos de um ano depois, as alegações do artigo foram colocadas em cheque, quando outros cientistas alegaram que a explosão não passava de um satélite artificial passando pelo local.

A descoberta inicial foi liderada por Linhua Jiang, astrônomo da Universidade de Pequim, que defendeu seu trabalho, alegando que a probabilidade de um satélite passar diretamente na frente da galáxia distante no momento exato era mínima, argumentando contra a teoria do satélite passante. A controvérsia gerada pela disputa em torno dessa descoberta é um exemplo de um problema maior que a astronomia enfrenta: a interferência dos satélites na observação dos corpos celestes.

Cada vez mais, a órbita terrestre está se enchendo de satélites. O número já alcança mais de 9.000 e continua crescendo, com a maior parte pertencendo à Starlink, constelação construída pela SpaceX para transmitir serviço de internet para a Terra. A interferência dos satélites na atividade astronômica tem sido uma preocupação crescente para astrônomos e cientistas, pois prejudica a capacidade da astronomia terrestre de responder a perguntas fundamentais sobre o cosmos e o lugar da humanidade nele.

A comunidade astronômica tem buscado soluções para lidar com os desafios trazidos pela proliferação de satélites. Persuadir os reguladores a prestar mais atenção à indústria de satélites em expansão, desenvolver tecnologias novas e antigas, além de trabalhar com a indústria para encontrar soluções para escurecer os satélites, são algumas das estratégias empregadas. No entanto, as atuais soluções são temporárias e podem não ser capazes de lidar com a crescente quantidade de satélites orbitando a Terra.

Para tentar minimizar o impacto dos satélites na astronomia, alguns astrônomos têm proposto o uso de novas tecnologias, como detectores CMOS, que podem ser mais eficazes na captura de imagens astronômicas. No entanto, a transição para novas tecnologias é custosa e lenta, o que representa um desafio adicional para a comunidade astronômica.

Empresas como a SpaceX, que são responsáveis por grande parte dos satélites em órbita, estão buscando maneiras de reduzir o impacto negativo de seus satélites na astronomia. Tentativas de revestimento absorvente de luz, sombras sobre os satélites e revestimento de filme dielétrico têm sido realizadas, visando mitigar os efeitos negativos. O governo dos EUA também tem buscado meios de controlar e mitigar os impactos dos satélites na astronomia, através da elaboração de regras e regulamentações que exijam a coordenação e mitigação dos efeitos dos satélites na atividade astronômica.

Apesar das tentativas de mitigação, especialistas alertam que o aumento significativo do número de satélites orbitando a Terra pode tornar as soluções atuais ineficazes, exigindo que seja colocada uma restrição no número de satélites a longo prazo. A controvérsia em torno da caraterização de objetos celestes e a interferência dos satélites na astronomia é um exemplo claro das dificuldades enfrentadas pela ciência diante do avanço da tecnologia espacial. Diante disso, é essencial que a comunidade científica e a indústria busquem soluções viáveis para garantir a preservação efetiva do poder da astronomia.

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