Repórter São Paulo – SP – Brasil

Diáspora Científica: Desafios e Perspectivas para a Ciência e Tecnologia Brasileira.

Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um intenso debate em torno da diáspora científica, um fenômeno que tem levado profissionais altamente qualificados a deixar o país em busca de melhores condições de pesquisa e trabalho. Esse movimento, que vem se agravando, reflete não apenas questões conjunturais, como a ditadura militar e os recentes governos anticiência, mas também expõe uma série de desafios estruturais que a política nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação enfrenta.

Uma das principais razões para a saída de cientistas do Brasil é a escassez de recursos para pesquisa, aliada à falta de oportunidades de carreira de longo prazo no país. O subinvestimento em ciência e tecnologia, agravado pelos cortes orçamentários a partir de 2016, tem contribuído significativamente para esse quadro, juntamente com a precarização das universidades públicas e o congelamento de bolsas de pós-graduação e pós-doutorado.

Um levantamento coordenado pelo GEOPI/Unicamp revelou que mais de 70% dos cientistas brasileiros que estão no exterior não têm planos de retornar ao país. Isso se deve, em grande parte, às melhores condições de trabalho e financiamento oferecidas em outros países. Além disso, o Programa Conhecimento Brasil, criado pelo CNPq e pela Finep, tem buscado repatriar cientistas por meio de bolsas e recursos, mas a recepção na comunidade científica tem sido mista.

Durante um debate organizado pelo Núcleo de Estudos Avançados do Instituto Oswaldo Cruz, especialistas apontaram que a repatriação de cientistas estabelecidos no exterior pode ser um desafio, uma vez que as bolsas oferecidas pelo programa ainda são insuficientes para competir com salários e condições de trabalho de países desenvolvidos. Além disso, há uma preocupação com a privatização crescente do ensino superior no Brasil, o que tem impactado diretamente na produção científica do país.

Diante desse cenário, é urgente que o Brasil adote estratégias para mitigar o problema da diáspora científica. Isso inclui a recuperação dos investimentos em ciência e tecnologia, a valorização e retenção de talentos no país e a implementação de políticas para fortalecer as instituições de ensino superior. Somente com uma abordagem abrangente e de longo prazo, o Brasil poderá reverter a fuga de cérebros e garantir um futuro mais próspero e inovador para as próximas gerações.

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