Mesmo com 800 milhões de pessoas sofrendo com a fome no mundo, mais de um bilhão de toneladas de alimentos foram desperdiçados, totalizando mais de US$ 1 trilhão. Essa quantidade representa cerca de um quinto de toda a produção de alimentos no mundo, o que é considerado uma “tragédia global” pelos especialistas.
A diretora-executiva do Pnuma, Inger Andersen, destaca que milhões de pessoas passam fome diariamente enquanto alimentos são desperdiçados. Além do fracasso moral, o desperdício de alimentos também tem impactos ambientais significativos, gerando cinco vezes mais emissões de CO2 do que o setor da aviação e demandando grandes áreas de terra para o cultivo de alimentos não consumidos.
O relatório, conduzido em parceria com a organização sem fins lucrativos Wrap, ressalta a gravidade do problema do desperdício global de alimentos. A coleta de dados mais precisa revela a verdadeira magnitude do desperdício, conforme aponta Clementine O’Connor, do Pnuma. Richard Swannell, também do Wrap, enfatiza que seria possível alimentar todas as pessoas famintas do mundo com a quantidade de alimentos desperdiçados anualmente.
Diversos setores são responsáveis pelo desperdício de alimentos, com destaque para restaurantes, refeitórios, hotéis, comércio varejista e lares. As causas do desperdício incluem compras excessivas, cálculo inadequado de porções, falta de consumo de sobras e descarte de produtos com base em datas de validade. O transporte e a refrigeração inadequados também contribuem para o desperdício de alimentos, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento.
O impacto do desperdício de alimentos é devastador, afetando tanto as pessoas quanto o planeta. O relatório ressalta que tal desperdício é responsável por uma significativa perda de habitat, ocupando cerca de 30% da terra destinada ao uso agrícola. Além disso, se o desperdício de alimentos fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da China.
No Brasil, estima-se que a taxa de desperdício de alimentos na etapa de consumo familiar seja de 94 kg per capita ao ano. Um estudo piloto realizado no Rio de Janeiro evidenciou que o desperdício ocorre mesmo em bairros de classe média baixa. Os fatores que levam ao desperdício precisam ser mais explorados em pesquisas qualitativas, demonstrando a importância de reduzir o descarte de resíduos orgânicos como um todo.
Diante desses alarmantes números e impactos, medidas efetivas de combate ao desperdício de alimentos se tornam urgentes e necessárias para garantir a segurança alimentar global e preservar o meio ambiente para as futuras gerações.