Desinternações de pacientes com dificuldade de aprendizagem apresentam retrocesso na Escócia, revela investigação da BBC

Por mais de 50 anos, Charles Esler viveu confinado em um hospital, apesar de sua condição de saúde não ser considerada grave. Diagnosticado com dificuldade de aprendizagem leve e epilepsia, Charles foi levado pela primeira vez ao hospital quando tinha apenas dez anos. Em uma entrevista à BBC Scotland News, ele relatou o desconforto de passar tanto tempo preso, sem liberdade.

Somente aos 62 anos, após a luta incansável de sua irmã, Margo McKeever, Charles pôde finalmente receber as chaves de seu próprio apartamento e conquistar sua independência. David Fleming, da instituição Richmond Fellowship Scotland, ressaltou a importância de garantir que pessoas como Charles tenham a oportunidade de viver de forma autônoma.

No entanto, uma investigação revelou que muitas pessoas com dificuldade de aprendizagem ainda estão confinadas em hospitais ou vivendo longe de suas famílias, apesar das políticas do governo que preconizam o retorno desses pacientes para suas próprias casas. O governo escocês prometeu transferir a “maioria” dessas pessoas até 2024, mas novos dados apontam um aumento no número de internações.

A história de Charles serviu como exemplo de que é possível apoiar essas pessoas a viverem na comunidade. Ele agora desfruta da liberdade de sair, frequentar lugares como o pub e até mesmo cozinhar e fazer faxina em sua casa. Sua jornada para a independência foi marcada por obstáculos, mas, finalmente, ele encontrou a liberdade tão almejada.

Por outro lado, casos como o de Fraser Malcolm mostram as dificuldades enfrentadas por famílias na transição de seus entes queridos para casa. Aumento no número de internações e falta de estrutura adequada para cuidados comunitários são desafios persistentes que o governo escocês enfrenta.

Apesar dos esforços para promover a inclusão e independência dessas pessoas, ainda há muito a ser feito para garantir que todos tenham o direito de viver de forma autônoma em suas próprias casas e comunidades. A luta para desinstitucionalizar pessoas com dificuldade de aprendizagem é uma batalha contínua, mas essencial para promover a dignidade e a igualdade para todos.

Por isso, é fundamental que as autoridades locais e o governo escocês atuem em conjunto para superar esses desafios e assegurar o direito de cada indivíduo viver em comunidade, com o apoio adequado e o respeito à sua autonomia. A história de Charles e de tantas outras pessoas nos lembra da importância de garantir o direito à liberdade e à inclusão para todos, independentemente de suas condições de saúde ou dificuldades.

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