Repórter São Paulo – SP – Brasil

Desinteresse pelos cursos de pós-graduação no Brasil preocupa acadêmicos e governantes, impactando o futuro da pesquisa e desenvolvimento.

O sistema de pós-graduação no Brasil está passando por um momento delicado, marcado por uma queda no interesse dos recém-graduados pelos cursos de mestrado, pós-graduação e pós-doutorado. Dados recentes apresentados na proposta do Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG), elaborada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), revelam que aproximadamente 25% dos cursos de mestrado e 12 áreas do conhecimento estão enfrentando uma redução na procura, em comparação com a oferta.

A Plataforma Sucupira, desenvolvida pela Capes para registrar e monitorar os programas de pós-graduação no país, apontou uma ociosidade de 21% nas vagas de mestrado e 25% no doutorado em 2020. Além disso, entre 2021 e 2022, houve uma diminuição de 11% na quantidade de ingressantes. As áreas mais afetadas pelo desinteresse são as engenharias, com uma queda de 28% no número de novos pós-graduandos.

Essa tendência de queda no interesse pelos cursos de pós-graduação levanta questionamentos sobre as razões por trás desse fenômeno. O desestímulo financeiro e social é apontado como um dos principais fatores, devido ao longo tempo de formação necessário para alcançar um doutorado, que pode ultrapassar 20 anos. O valor das bolsas de pós-graduação também é considerado insuficiente para permitir que os doutorandos se dediquem integralmente aos estudos.

Além disso, a pandemia de Covid-19 agravou a situação, contribuindo para a desmotivação dos estudantes em relação ao ensino superior. O governo enfrentou críticas por não priorizar o investimento e a promoção da ciência, tecnologia e pesquisa no país, o que impacta diretamente na formação de novos doutores e no avanço acadêmico e científico.

Para reverter esse cenário, é necessário um investimento robusto na formação desde os primeiros anos de escolaridade, valorizando a educação em todos os níveis. Além disso, medidas como o aumento dos salários dos professores, a melhoria das condições de laboratórios de pesquisa e a criação de políticas para absorver os doutores formados são essenciais para estimular os jovens a apostarem na educação de nível superior. A discussão sobre a repatriação de doutores brasileiros que estão no exterior também é crucial para fortalecer o sistema de pós-graduação e pesquisa no Brasil.

Em suma, a queda no interesse pelos cursos de mestrado e doutorado no Brasil requer uma resposta urgente e multifacetada, que englobe não apenas a questão financeira, mas também a valorização da educação, da pesquisa e do conhecimento como pilares essenciais para o desenvolvimento do país. A discussão e implementação de políticas eficazes são fundamentais para reverter essa tendência e fortalecer o sistema de pós-graduação no país.

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