Das 626 cidades em que não foram eleitos vereadores autodeclarados negros este ano, 606 terão exclusivamente políticos brancos na próxima legislatura. A região Sul é a mais afetada por essa falta de diversidade, com 471 municípios nessa situação. Um exemplo é o Rio Grande do Sul, onde mais da metade dos 497 municípios terão uma Câmara Municipal composta apenas por vereadores brancos, de acordo com os dados do Censo 2022 do IBGE.
No estado gaúcho, a desigualdade racial é evidente, com apenas 21,1% da população se autodeclarando negra. Em São Gabriel, um município com 46.062 eleitores, os 15 vereadores eleitos são todos brancos, refletindo a falta de representatividade negra no Legislativo.
Por outro lado, existem 261 municípios onde todas as cadeiras de vereadores serão ocupadas por pessoas pretas ou pardas, principalmente no Nordeste. Em Rosário, no Maranhão, por exemplo, as 13 vagas na Câmara Municipal serão preenchidas por negros. No entanto, considerando o cenário total para 2025, a população negra estará subrepresentada na maioria dos municípios.
Embora as eleições de 2024 tenham apresentado um aumento proporcional de candidaturas autodeclaradas negras em relação às brancas, ainda há uma disparidade evidente. A pesquisa do Datafolha realizada em julho mostrou que a maioria dos eleitores de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife considera insuficiente o número de vereadores negros nas Câmaras Municipais.
Diante desse cenário, é possível perceber que a representatividade racial ainda é um desafio a ser enfrentado no ambiente político brasileiro, com a necessidade urgente de promover a inclusão e a diversidade nos espaços de poder.