A partir da elaboração deste programa político, os desaparecidos decidiram marchar até Brasília, em uma marcha política. Durante o trajeto, encontraram figuras emblemáticas, como o indígena Sepé Tiaraju, o líder negro Zumbi dos Palmares e Tiradentes, um dos líderes da inconfidência mineira.
Segundo B. Kucinski, autor do livro “O congresso dos desaparecidos”, a expressão “desaparecidos políticos” ganhou notoriedade no imaginário social depois que esse sinistro método de extermínio de dissidentes políticos foi adotado no Sul das Américas, entre os anos sessenta e setenta do século passado. Ele ressalta que os Estados delinquentes logravam a tripla invisibilidade, ocultando seus crimes, vítimas e a política de extermínio.
O romance de Kucinski, classificado como um “drama em prosa”, possui características teatrais que ressaltam cenários, como a Catedral da Sé, e personagens que carregam codinomes da clandestinidade, como o deputado federal Rubens Paiva.
Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens Paiva, destacou que o papel do escritor é resgatar a memória daqueles que não tiveram a oportunidade de se despedir dignamente. Ele afirma que é crucial desenterrar e analisar essas histórias por meio de pesquisas minuciosas, depoimentos e dados coletados.
O crítico Márcio Selligman-Silva elogiou a obra de Kucinski, afirmando que ela mistura personagens históricos e fictícios, permitindo que o leitor imagine a ditadura. Ele destaca a importância de manter viva a memória desse período e da barbárie institucional no Brasil como forma de resistência contra os fascismos.