O projeto de lei foi enviado pelo governador Tarcísio de Freitas, do partido Republicanos, à Assembleia Legislativa de São Paulo, com a intenção de acelerar sua tramitação e garantir uma aprovação mais rápida. Porém, as parlamentares do PSOL argumentam que uma proposta que promete modificar de forma drástica a vida e o trabalho de muitas pessoas deve ser amplamente debatida pelo governo e pelos parlamentares.
A deputada Ediane Maria ressalta que o projeto de lei não apresenta detalhes sobre a redução da conta de água dos consumidores. A gestão estadual planeja utilizar parte dos recursos da venda da Sabesp para reduzir imediatamente a tarifa de água dos consumidores após a privatização, porém não há informações claras sobre os valores, prazos e descontos envolvidos.
Por sua vez, o governo de São Paulo defende que a gestão privada trará ganhos de eficiência e produtividade para a Sabesp a longo prazo, e que a utilização dos recursos obtidos na privatização será destinada a investimentos e aumento de eficiência, o que viabilizará uma redução tarifária permanente.
Essa proposta tem gerado preocupação entre alguns especialistas e ex-deputados, como a professora da Universidade de São Paulo (USP) Janaina Paschoal. Ela afirma que o texto do projeto de lei não aborda questões importantes, como a obrigação do futuro controlador da empresa em manter a qualidade da água e o que acontecerá caso essa qualidade se deteriore.
Paschoal defende que o projeto seja debatido com calma e critica a tramitação em regime de urgência. Na sua visão, um projeto de tamanha magnitude não pode passar por esse tipo de trâmite sem uma discussão aprofundada.
Além disso, a ex-deputada também levanta questionamentos sobre os estímulos para que a iniciativa privada se interesse por áreas que atualmente não estão sendo atendidas pela Sabesp. Ela destaca que as cidades atendidas pela empresa estão em uma situação favorável, então é necessário analisar qual seria o incentivo para a iniciativa privada investir em outras regiões.
Essa ação popular e os questionamentos levantados pela deputada e pela ex-deputada evidenciam a divisão de opiniões em relação à privatização da Sabesp. Enquanto alguns defendem os benefícios que a gestão privada pode trazer, outros levantam preocupações sobre a falta de transparência e os impactos para os consumidores e para a qualidade do serviço prestado pela empresa. O desenrolar dessa discussão será fundamental para definir o futuro da Sabesp e da prestação dos serviços de água e esgoto no estado de São Paulo.