Delgatti, o suposto hacker, teve acesso a celulares proibido; áudio envolvendo Bolsonaro não é evidente.

Em uma entrevista exclusiva ao UOL News, o advogado de Walter Delgatti, Ariovaldo Moreira, revelou alguns detalhes surpreendentes sobre a ida do hacker ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça). Segundo Moreira, Delgatti recebeu instruções para usar uma máscara a fim de evitar ser reconhecido no local. Além disso, ele foi proibido de entrar com qualquer dispositivo móvel tanto no Ministério da Defesa quanto no encontro com o então presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

De acordo com Moreira, Delgatti não possui gravações dos diálogos com Bolsonaro, pois foi impedido de entrar com seu dispositivo móvel durante o encontro. No entanto, o advogado afirma ter provas de que Delgatti esteve nos dois locais mencionados e com quem ele conversou. Segundo Moreira, o hacker entrou pelos fundos tanto do Palácio da Alvorada quanto do CNJ. No Conselho Nacional de Justiça, as pessoas que o acompanhavam solicitaram que ele usasse uma máscara para evitar o reconhecimento.

Além disso, Moreira revelou outro acontecimento na véspera da visita de Delgatti ao Alvorada para conversar com o presidente Bolsonaro. Segundo o advogado, após uma reunião com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Delgatti teria um encontro marcado com Duda Lima, marqueteiro do partido. Moreira afirma que a deputada federal Carla Zambelli mencionou que Delgatti seria utilizado na campanha eleitoral de Bolsonaro.

As revelações feitas pelo advogado arremessaram novas questões sobre a participação de Delgatti no caso de hacking que expôs conversas privadas de autoridades. A obrigação de usar máscara e a proibição de dispositivos móveis em encontros com altos membros do governo levantam questionamentos sobre as intenções por trás dessas medidas de segurança.

Além disso, a menção de uma suposta utilização de Delgatti na campanha eleitoral de Bolsonaro traz à tona suspeitas de envolvimento político nesse escândalo. A investigação vai agora se aprofundar nessas novas declarações do advogado e buscar provas que corroborem essas afirmações.

Enquanto isso, a defesa de Delgatti continua alegando que ele agiu sozinho e sem motivações políticas ao hackear os celulares de autoridades. No entanto, as revelações de seu advogado trazem à tona um novo cenário que pode alterar o rumo das investigações e acrescentar mais complexidade ao caso.

É fundamental que as autoridades responsáveis pela investigação aprofundem essas informações e busquem evidências que possam confirmar ou refutar as declarações feitas pelo advogado de Delgatti. O desenrolar desse caso é de extrema importância para a transparência e a segurança dos sistemas de comunicação das autoridades e do governo como um todo.