Durante sua campanha à reeleição, Bolsonaro protagonizou um episódio infeliz ao declarar que não haveria carne com valor acessível para a população. Essa declaração acabou sendo explorada por seus adversários, reforçando a imagem de que o presidente estaria mais associado aos interesses dos ricos, apesar de seus esforços para aproximar-se dos segmentos mais pobres da população. Lula foi eleito.
Para as classes D e E, a promessa de filé-mignon e picanha diariamente não era esperada, mas, com a inflação elevada e a queda da renda, a compra eventual desses produtos passou a não ser mais uma realidade. Na verdade, a compra de carne bovina em geral deixou de ser uma realidade.
Como resultado, o consumo de carne de bovina foi reduzido, com muitas pessoas passando a consumir frango ou até mesmo ovos como alternativa mais acessível. A situação ficou tão crítica que houve relatos de famílias revirando caçambas de lixo em busca de comida, disputando a doação de ossos de boi e outras cenas lamentáveis.
O número de pessoas vivendo em situação de fome também aumentou significativamente, passando de 19 milhões para 33,1 milhões de famintos em um período de menos de dois anos, entre 2020 e 2022. Esses dados foram divulgados pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar.
Em outro episódio controverso, em 26 de agosto, Bolsonaro declarou que a fome era uma fake news, ou seja, que ela não existia “pra valer” no Brasil. Mesmo atualmente, seus seguidores mais radicais insistem que o IBGE mente e que o preço da carne não subiu. Infelizmente, essa negação da realidade acaba deixando mais carne para aqueles que se recusam a aceitar os números oficiais.
Esses eventos podem ter um impacto significativo no futuro político do país, com a melhora da qualidade de vida durante o governo de Lula servindo como uma base sólida para o petista fortalecer sua imagem como cabo eleitoral. Enquanto isso, as dificuldades econômicas e sociais impostas pelo governo de Bolsonaro podem reduzir sua força eleitoral, marcando um contraste entre os dois períodos de gestão.
