Moraes, em sua fala, ressaltou a coragem de tomar essa decisão em um contexto de repressão e censura impostos pelo AI-5. Ele destacou que a sua convicção de condenar a União foi um ato de independência do Poder Judiciário e um grito de revolta contra a ditadura. Para o juiz, foi um momento de rompimento com a alienação e a resistência em acreditar nos abusos cometidos pelo regime militar.
O assassinato de Herzog foi um marco nesse processo de conscientização de Moraes. Ao perceber a brutalidade da tortura e das mortes durante a ditadura, o juiz enfrentou uma crise de consciência e uma necessidade de agir politicamente em prol da justiça e dos direitos humanos.
A decisão de Moraes de anular o laudo fraudulento, valorizar as provas de tortura e determinar a abertura de um Inquérito Policial Militar para responsabilizar os envolvidos no caso Herzog foi um passo corajoso e crucial na luta contra a impunidade e na defesa dos direitos fundamentais.
Mesmo diante do medo e da repressão do regime militar, Moraes afirmou ter encontrado na sua juventude e na sua vontade de exercer a magistratura com integridade a força necessária para enfrentar as pressões e tomar essa decisão solitária e difícil.
A história de Márcio José de Moraes nos lembra da importância da coragem e da resistência em tempos de autoritarismo, e de como a justiça e a verdade são fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Seu exemplo deve servir de inspiração para as atuais gerações na defesa dos direitos humanos e do Estado de direito.