Cúpula do Clima da ONU em Dubai aprova documento histórico sobre “transição” dos combustíveis fósseis com meta de redução de emissões.

Representantes de quase 200 países se reuniram em Dubai para a Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP28), em uma reunião histórica que resultou na aprovação do documento final. O consenso alcançado na conferência é considerado de grande importância para as discussões sobre o aquecimento global, uma vez que o texto cita a “transição” dos combustíveis fósseis.

O documento final aprovado traz uma linguagem mais forte do que a versão anterior, porém, não menciona diretamente a eliminação dos combustíveis fósseis, como carvão, petróleo e gás natural, como reivindicavam dezenas de países.

A redação anterior havia desagradado muitos dos participantes, incluindo a delegação brasileira, ao evitar compromissos mais incisivos na busca por fontes limpas de energia. O novo compromisso evitou incluir a expressão “eliminação gradual” dos combustíveis fósseis, mas pela primeira vez em um documento desse tipo cita a “transição” destes poluentes.

Segundo o texto aprovado, os esforços devem ser coordenados de forma que o mundo elimine as emissões de gases com efeito de estufa até 2050, com urgência adicional na redução nesta década. Além disso, a meta de triplicar a capacidade energética renovável até 2030 foi estabelecida.

Os negociadores climáticos trabalharam até altas horas da madrugada para chegar a um acordo, que foi celebrado pelo presidente desta COP, sultão Al Jaber, como “histórico”. No entanto, cientistas alertam que os compromissos assumidos pelos governantes são insuficientes diante da urgência da crise climática.

Este consenso foi alcançado após intensas negociações, uma vez que houve resistência por parte de grandes exportadores de petróleo, como Arábia Saudita e Iraque, e economias em crescimento rápido, como a Índia e a Nigéria.

Um dos pontos de crítica em relação à COP28 foi o fato de ter sido realizada nos Emirados Árabes Unidos, um dos maiores exportadores de petróleo do mundo. Além disso, a conferência contou com o maior número de participantes representando interesses da indústria do petróleo em três décadas de cúpulas climáticas globais.

“A humanidade finalmente fez o que já deveria ter sido feito há muito, muito, muito tempo”, afirmou o comissário da União Europeia para o clima, Wopke Hoekstra. Enquanto o enviado da Casa Branca para o Clima, John Kerry, classificou o resultado como uma “conquista” das discussões multilaterais.

O objetivo do documento final desta COP é ajudar as nações a alinhar os seus planos climáticos nacionais com o Acordo de Paris, buscando limitar a alta de temperaturas neste século a até 2ºC na comparação com os níveis pré-Revolução Industrial (1850). No entanto, a Terra está a caminho de quebrar o recorde do ano mais quente, colocando em risco a saúde humana.

Apesar do avanço representado pelo texto aprovado, algumas vozes críticas apontam que o documento não consegue mobilizar o financiamento necessário para atingir suas metas. O Observatório do Clima, por exemplo, destacou que a menção no texto da conferência de substituição do uso de combustíveis fósseis é inédita, mas está em desacordo com a realidade de países que projetam um aumento em suas fontes sujas de energia.

Ao final da COP28, muitas vozes celebraram o resultado como um avanço histórico na busca por soluções para a crise climática, mas, ao mesmo tempo, apontaram que ainda há desafios significativos a serem enfrentados para alcançar os objetivos estabelecidos. Eles também afirmaram que o acordo representa um marco e uma base para enfrentar a urgência da crise climática, porém ainda é insuficiente diante da gravidade da situação.

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