Cuba: Setor privado e setor público em debate para integrar e desenvolver a economia em tempos de crise.

Cuba vive um momento de grandes mudanças econômicas e sociais, com a incorporação de um novo setor econômico privado de pequenas e médias empresas, conhecido como Mipymes. De acordo com os últimos relatórios oficiais, existem atualmente mais de 9,9 mil pequenas e médias empresas do setor privado em Cuba, empregando mais de 260 mil trabalhadores, o que representa aproximadamente 18% da força de trabalho.

As medidas implementadas pelo governo têm o objetivo de reduzir o alto déficit fiscal e diminuir a inflação, ainda que preveja para 2024 um déficit de mais de 15% do PIB. A principal preocupação é o custo social que as iniciativas de estabilização podem gerar. “Na minha opinião, Cuba não precisa de medidas isoladas, porque elas não são suficientes. É preciso um programa coerente de estabilização macroeconômica com medidas abrangentes e devidamente sequenciadas para sairmos o mais rápido possível da situação complexa que vivemos nos últimos anos”, afirmou uma economista.

Segundo Joel Marill, membro da Diretoria de Projeções e Coordenação Macroeconômica do Ministério da Economia de Cuba, desde 2021, teve início o que se chamou de atualização do modelo econômico, que incorporou novos atores ao sistema econômico cubano. O Estado continua predominante, controlando as principais estruturas da economia, mas o setor privado vem ganhando espaço.

Porém, a expansão das pequenas e médias iniciativas privadas também gerou novas desigualdades sociais entre a população, um fenômeno relativamente novo na ilha que, durante décadas, foi referência em níveis de igualdade social. Muitos produtos vendidos pelo setor privado são de difícil acesso para o salário dos trabalhadores do Estado, o que pode contribuir para o processo inflacionário da ilha.

Diante desse cenário, o governo cubano pretende criar um maior grau de articulação entre o setor econômico privado emergente e o setor estatal, vinculando esse setor privado às necessidades de desenvolvimento local em cada um dos 168 municípios do país. “É necessário entender que, para que esse projeto social realmente sobreviva, precisamos fazer ajustes importantes, modificações e até mesmo certas atualizações. Uma parte dessas atualizações tem a ver com a forma de vincular esse novo setor privado, que vem surgindo com muita força nos últimos anos, ao setor empresarial estatal, que é o setor que tradicionalmente opera na economia cubana”, apontou Karina Cruz Simón.

Dessa forma, Cuba vive uma fase de transição econômica e social, buscando equilibrar o crescimento do setor privado com a manutenção dos valores do projeto socialista. A integração e desenvolvimento entre o setor privado e o setor público se apresenta como um desafio e uma oportunidade para o país, que busca construir um cenário econômico mais estável e justo para sua população.

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