Crítico musical Kelefa Sanneh discute relação entre qualidade, popularidade e cultura do hip hop em conversa descontraída na Flip.

O crítico musical e escritor Kelefa Sanneh participou de uma interessante conversa na tarde deste último sábado, 25 de junho, durante a Flip. Em uma entrevista descontraída com a jornalista Adriana Couto, Sanneh discutiu sobre a relação entre qualidade musical e popularidade, expressando sua opinião de que as futuras gerações não devem ter a palavra final sobre quais músicas atuais são boas ou não.

Para ele, a popularidade de uma música não deve ser vista como um fator oposto à qualidade, e discorda da crença de que somente o futuro pode provar o que é bom em termos musicais. Sanneh questiona por que as pessoas do futuro teriam um olhar melhor sobre a música atual e afirma que as futuras gerações não têm o direito de ter a última palavra sobre as músicas atuais.

O autor também destacou o hip hop contemporâneo, reclamando que as discussões sobre o gênero costumam ter um olhar negativo e a dificuldade das pessoas em reconhecer uma era de ouro musical enquanto estão vivendo nela. Para ele, vivemos um momento privilegiado com os 50 anos do hip hop, sendo difícil não se impressionar ao olhar para trás e reconhecer a importância desse gênero musical.

Sanneh também ressaltou que o hip hop não é apenas um gênero musical, mas sim uma cultura associada à juventude negra das grandes cidades, o que permite que artistas muito distintos possam ter sua filiação ao gênero reconhecida. Além disso, ele enfatizou o fato de o hip hop não ter perdido sua conexão com as comunidades negras ou ter sido apropriado pelos brancos ao longo de 50 anos, o que o torna uma figura única na história da música.

Durante a conversa, Sanneh também abordou como os gêneros musicais ajudam o público a estabelecer identidades culturais e como a música pode criar desconexões, possibilitando que as pessoas se identifiquem ou se separem de determinados grupos.

Ao final, o crítico foi questionado sobre seus conhecimentos de música brasileira, revelando que teve acesso a uma fita cassete de funk carioca nos anos 1990, o que o impressionou e o levou a apreciar artistas como Kevin o Chris, Livinho e Anitta. Ele acredita que a cantora Anitta tenha levado mais pessoas para a música brasileira, mesmo não alcançando grande popularidade nos Estados Unidos.

Com uma conversa descontraída e repleta de insights sobre música e cultura, Kelefa Sanneh proporcionou ao público da Flip uma reflexão sobre a importância e a influência dos gêneros musicais na sociedade contemporânea.

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