Crescimento exponencial de farmácias no Brasil gera reflexões sobre o modelo de saúde predominante e a influência da indústria farmacêutica

De acordo com dados recentes do Conselho Federal de Farmácias (CFF), o Brasil conta atualmente com cerca de 90 mil farmácias em comparação com 55 mil em 2003, representando um crescimento de 63% em 20 anos. Esses números consideram apenas as farmácias com inscrição ativa no órgão, o que é um requisito legal para o funcionamento desses estabelecimentos. Um fato curioso é que muitas vezes é possível encontrar farmácias concorrentes situadas uma ao lado da outra, evidenciando a forte presença desses estabelecimentos na cena urbana do país.

Essa proliferação de farmácias e drogarias reflete a ênfase na comercialização de medicamentos como forma primordial de promover a saúde no Brasil. A saúde, muitas vezes, é tratada como um produto de consumo, o que dificulta a visão da mesma como um direito fundamental com diversas dimensões. Além disso, a presença massiva de estabelecimentos farmacêuticos também revela uma tendência de medicalização da sociedade, onde a solução para os problemas de saúde é vista principalmente no uso de medicamentos, deixando em segundo plano medidas preventivas e hábitos saudáveis.

Um exemplo marcante da indústria farmacêutica é o caso da GSK, sexto maior grupo farmacêutico do mundo, que foi multado em 3 bilhões de dólares por fraudes envolvendo diversos medicamentos. A empresa foi acusada de vender antidepressivos como pílulas de emagrecimento, ocultar resultados de pesquisas sobre riscos cardíacos, e comercializar remédios sem eficácia comprovada, entre outras práticas condenáveis. Esse caso evidencia as distorções presentes no modelo de negócios da indústria farmacêutica, que acabam por comprometer a saúde da população.

As relações entre a indústria farmacêutica e a comunidade médica também são objeto de críticas, com denúncias de influência nas diretrizes acadêmicas, patrocínio de viagens e palestras, fixação de indicadores para aumentar o uso de medicamentos, entre outras práticas questionáveis. O sistema de consultas médicas se tornou padronizado em sessões rápidas e baseadas em exames laboratoriais, culminando na prescrição excessiva de medicamentos.

Além disso, os altos investimentos em marketing por parte das grandes farmacêuticas lançam dúvidas sobre as prioridades do setor, com o gasto em propaganda superando o investimento em pesquisas. Para garantir uma melhoria efetiva na saúde pública, é fundamental investir em ações preventivas e resgatar a atenção primária à saúde, de acordo com especialistas.

No âmbito individual, a promoção da saúde e prevenção de doenças está diretamente ligada aos hábitos diários das pessoas. A sabedoria popular de que “é melhor prevenir do que remediar” ressalta a importância de adotar hábitos saudáveis para garantir o bem-estar físico, mental e social. Em última instância, a saúde não deve ser tratada unicamente como um produto de consumo, mas sim como um direito fundamental que demanda uma abordagem ampla e preventiva.

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