CPMI dos Atos Golpistas chega à reta final com batalhas entre governo e oposição e possibilidade de final esvaziado

Com a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos Golpistas se aproximando da reta final, governo e oposição estão envolvidos em uma disputa para determinar os próximos depoentes, em uma Comissão que pode terminar esvaziada. A audiência que ouviria Alan Diego dos Santos Rodrigues, envolvido no atentado à bomba no aeroporto de Brasília no ano passado, foi cancelada devido ao baixo quórum da sessão e também porque o tema já contou com duas oitivas anteriores que colheram depoimentos importantes. O relatório final da Comissão está previsto para ser entregue no dia 17 de outubro.

Um sinal do esvaziamento da CPMI veio do próprio presidente da Comissão, Arthur Maia (União-BA), que anunciou na semana passada que não iria mais recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir o fim dos sucessivos habeas corpus que permitiram a ausência de depoentes em audiências anteriores. A falta de interesse na sessão desta quinta-feira também é resultado do foco nos alvos mais expressivos que estão sendo investigados pelo governo e pela oposição.

O senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) expressou sua gratidão à oposição por terem dado início à CPMI. Ele afirmou que a Comissão cumpriu seu papel desde os depoimentos de Walter Delgatti, o hacker de Araraquara, e do general Augusto Heleno. A instalação da Comissão em maio foi solicitada pelo deputado André Fernandes (PL-CE).

Na próxima terça-feira, a CPMI poderá votar em bloco requerimentos que pedem a vinda do comandante da Força Nacional de Segurança, José Américo de Souza Gaia, com o objetivo de responsabilizar o ministro da Justiça, Flávio Dino, por omissão durante os eventos de 8 de janeiro deste ano.

O senador Rogério Carvalho (PT-PE) argumenta que a oposição está tentando construir uma tese sem fundamentos, já que a Força Nacional só pode ser mobilizada com autorização do governo estadual. Ele ressalta que a responsabilidade pela segurança e preservação do patrimônio do Distrito Federal é da Polícia Militar, não da Polícia Federal ou da Força Nacional.

Quanto ao esvaziamento da CPMI, o senador Esperidião Amin (PP-SC) considera isso como resultado do próprio governo, que não deseja a presença de depoentes que poderiam revelar o plano de facilitar a violência no dia 8 de janeiro para incriminar o bolsonarismo. Ele afirma que o governo está escondendo a Força Nacional e o ministro da Justiça para encobrir a omissão nesse dia.

Portanto, a CPMI dos Atos Golpistas está enfrentando um possível esvaziamento, com a disputa entre governo e oposição para definir os próximos depoentes. Enquanto alguns agradecem à oposição por dar início à Comissão, outros argumentam que o governo está tentando encobrir a verdade ao evitar a presença de depoentes-chave. O desfecho da CPMI ainda está em aberto, mas o relatório final será entregue em outubro.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo