Os BRICS têm adotado uma abordagem que valoriza a igualdade soberana de todas as nações, a integridade territorial, a não-intervenção e a diplomacia internacional não-coercitiva. Essa abordagem é uma volta ao conceito de soberania como valor e à não-intervenção como princípio, respeitando o direito internacional e a Carta das Nações Unidas.
Além disso, o grupo tem mostrado um grau de cooperação e diálogo político surpreendente, apesar das diferenças existentes entre seus membros. A presença da Índia e do Brasil no Conselho de Segurança da ONU também fortalece o papel dos BRICS no cenário internacional.
Duas questões dominam a agenda da próxima cúpula dos BRICS, que acontecerá na África do Sul: a viabilidade do uso de uma moeda própria para o comércio e a economia do grupo, visando a desdolarização, e a expansão do número de membros do grupo.
A desdolarização do comércio e da economia do grupo é uma resposta às sanções econômicas impostas pelo Ocidente, especialmente à Rússia. O uso de uma moeda própria proporcionaria mecanismos para burlar essas medidas e reduzir a dependência do dólar.
Quanto à expansão do número de membros, é uma oportunidade para o grupo fortalecer sua influência, levando em conta as áreas de influência por região e exercendo a soberania e a independência política externa dos Estados aspirantes.
Embora ainda existam desafios, como a predominância do dólar nas transações internacionais, os BRICS têm mostrado capacidade de chegar a acordos complexos, como a criação do Novo Banco de Desenvolvimento e do Fundo de Reserva, o que indica a possibilidade de uma nova moeda de troca, pelo menos no comércio entre os membros do bloco.
Independentemente de se avançar nessas propostas, é indiscutível que os BRICS estão aumentando sua influência geoeconômica e geopolítica. Mais de 30 países já manifestaram interesse em fazer parte dessas iniciativas, o que demonstra o peso e o prestígio que o grupo está adquirindo na construção de uma nova ordem internacional.