Repórter São Paulo – SP – Brasil

Contos de fadas originais ou amenizados: a dualidade nas narrativas infantis de Ruth Rocha ecoa a diversidade dos clássicos tradicionais.

Em meio a um cenário de mudanças e inovações no mundo dos contos de fadas, uma tendência curiosa vem ganhando destaque nos últimos tempos. Cada vez mais, personagens icônicos como Chapeuzinho Vermelho enfrentam destinos sombrios e trágicos, enquanto as editoras se orgulham de trazer essas histórias em suas “versões originais”.

Não é difícil notar a relação entre essa nova abordagem e a estratégia de marketing das editoras. O anúncio de que estão sendo publicados “contos de fadas originais” certamente ajuda a impulsionar as vendas, alimentando a curiosidade do público em descobrir as verdadeiras narrativas por trás das histórias mais conhecidas.

No entanto, vale ressaltar que muitas dessas histórias clássicas remontam aos séculos 17, 18 e 19, sendo atribuídas a renomados autores como Charles Perrault, Jacob e Wilhelm Grimm e Hans Christian Andersen. Esses contos, que hoje se enquadram na categoria de “contos de fadas”, possuem raízes antigas e incertas na tradição oral, transcendendo fronteiras linguísticas e culturais.

A aura sombria e, por vezes, macabra dessas narrativas é o que as torna tão cativantes e atemporais. O medo, a violência e a crueldade presentes nas versões originais exercem um fascínio poderoso sobre os leitores, explorando seus sentimentos mais profundos e primalares.

No entanto, a chegada do século 20 trouxe consigo uma onda de narrativas mais leves e açucaradas, destinadas ao público infantil, especialmente sob a influência do legado de Walt Disney. Apesar disso, ainda há espaço para abordagens mais suavizadas e infantilizadas, como evidenciado pela coleção “Recontos Bonitinhos” da renomada autora Ruth Rocha.

Em seus livros, Ruth Rocha reconta os contos clássicos de forma controlada e acessível para leitores pequenos, mantendo a essência das histórias, mas adaptando-as com finais felizes e uma linguagem rimada e envolvente. A autora brasileira abre um caminho alternativo para aqueles que buscam uma abordagem mais branda e contemporânea dos contos de fadas, sem abrir mão do cuidado literário e da qualidade narrativa.

A diversidade de abordagens e interpretações dos contos tradicionais revela a riqueza e a atemporalidade dessas narrativas. Seja em versões originais sombrias ou em recontos açucarados, o poder das histórias de fadas continua a cativar e emocionar leitores de todas as idades, demonstrando sua capacidade única de nos transportar para um mundo mágico e enigmático.

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