O responsável por essa importante pesquisa é André Werneck, que ingressou no Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens) da USP para seu doutorado. Werneck já estudava a relação entre atividade física e saúde mental, mas ao ampliar seu escopo para incluir aspectos nutricionais, percebeu como a alimentação pode influenciar diretamente os problemas psicológicos.
O estudo avaliou quase 16 mil adultos que inicialmente não tinham diagnóstico de depressão. Através de questionários online aplicados semestralmente, os voluntários reportavam os alimentos consumidos e seu estado de saúde. Com esses dados, Werneck e sua equipe identificaram o papel dos alimentos ultraprocessados na dieta dessas pessoas.
Os alimentos ultraprocessados são conhecidos por serem feitos a partir de ingredientes baratos, com adição de conservantes e aromatizantes, tornando-os mais atrativos ao consumidor. Esses produtos são mais consumidos por grupos de menor renda e escolaridade. Além disso, são nutricionalmente pobres e ricos em açúcares, sódio e gorduras, fatores que contribuem para o surgimento de problemas de saúde mental.
A pesquisa também revelou que a relação entre os alimentos ultraprocessados e os sintomas depressivos pode estar ligada aos aditivos químicos presentes nesses produtos, afetando a microbiota intestinal e prejudicando a absorção de nutrientes essenciais. Por isso, especialistas recomendam reduzir ao máximo o consumo desses alimentos para melhorar a saúde mental.
Esse estudo só foi viável graças à adesão de voluntários à coorte NutriNet Brasil, um projeto que visa entender a alimentação brasileira e sua relação com doenças crônicas. Com mais de 110 mil participantes, o estudo conta com o apoio de influenciadores conhecidos como Rita Lobo, Paola Carosella e Bela Gil.
Os resultados obtidos são fundamentais para orientar políticas públicas de saúde e alimentação no Brasil, visando promover hábitos alimentares mais saudáveis e prevenir problemas de saúde, incluindo os de ordem mental. Se você tem mais de 18 anos e reside no Brasil, pode se inscrever gratuitamente no site da pesquisa para contribuir com esse importante estudo.