Conflito por terra na Bahia resulta em prisão de fazendeiros suspeitos de atirar durante ocupação indígena em Potiraguá.

Nesta última quinta-feira, uma ocupação de cerca de 50 indígenas na fazenda em Potiraguá culminou em uma tragédia. Dois fazendeiros foram presos sob a suspeita de terem atirado durante o conflito, resultando na morte de alguns dos ocupantes. A Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP) confirmou que os fazendeiros estavam portando armas de fogo no momento da detenção.

Os indígenas, liderados por Nega Pataxó e Nailton Pataxó, estavam pressionando as autoridades para “devolver o que é historicamente nosso”, de acordo com o irmão das vítimas, Manoel Muniz. A ocupação contava com a participação de indígenas de cinco aldeias da região, e o objetivo era reivindicar terras que consideravam historicamente pertencentes a eles.

A disputa por terra entre indígenas e fazendeiros na região de Potiraguá é longa, com mais de 20 anos de conflitos. No ano passado, o impasse se intensificou devido à votação do Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF). A fazenda ocupada pelos pataxó está localizada fora dos 54 mil hectares já demarcados como reserva indígena, mas os indígenas alegam que estudos antropológicos comprovaram a ocupação histórica da área por sua etnia.

A situação se tornou ainda mais grave com a morte de alguns ocupantes da fazenda durante o conflito. Em uma declaração comovente, Manoel Muniz, irmão de Nega Pataxó e do cacique Nailton Pataxó, afirmou que “os fazendeiros chegaram atirando. Na confusão, quem conseguiu fugiu. Meu filho e minha neta estão entre os que ainda não apareceram”.

Este trágico episódio destaca a urgência de uma solução justa e pacífica para os conflitos de terra entre indígenas e fazendeiros, a fim de evitar mais tragédias como a que ocorreu em Potiraguá. A questão da demarcação de terras indígenas e a proteção dos direitos das comunidades tradicionais é uma pauta crucial para o Brasil, que abriga uma diversidade de grupos étnicos e culturais que exigem respeito e proteção de seus territórios tradicionais.

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