Comissão da Câmara aprova PEC para ampliar imunidade tributária de entidades religiosas; texto segue para votação no plenário.

Na última terça-feira, 27, uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou um parecer de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa ampliar a imunidade tributária de entidades religiosas. O relator da proposta, deputado Dr. Fernando Máximo (União-RO), afirmou que o texto final foi negociado com o governo e agora seguirá para apreciação no plenário da Casa. Para que a PEC seja aprovada, serão necessários três quintos dos votos, o que equivale a 308 votos em cada um dos dois turnos de votação.

De acordo com Dr. Fernando Máximo, a expectativa é que o texto seja votado ainda no mesmo dia da aprovação na comissão. O tema será discutido durante uma reunião de líderes com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

A PEC foi proposta pelo deputado Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), pastor licenciado e ex-prefeito do Rio de Janeiro, e tem o objetivo de estender a isenção tributária para a aquisição de bens e serviços necessários à formação de patrimônio, renda e serviços de templos religiosos. Atualmente, a Constituição prevê isenção apenas para o patrimônio, renda e serviços relacionados às finalidades essenciais dos templos.

Essa proposta permitiria que a isenção tributária, que hoje é aplicada apenas nas tributações diretas, também se estendesse às tributações indiretas, como a compra de materiais de construção para obras nas igrejas. O impacto fiscal da medida seria de aproximadamente R$ 1 bilhão em relação ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), mas o relator acredita que esse impacto será zerado com a aprovação da reforma tributária, que prevê a criação de um “imposto do pecado” para sobretaxar produtos prejudiciais à saúde, como cigarros e bebidas alcoólicas, sem afetar as igrejas.

Apesar de o texto original da PEC incluir benefícios para partidos políticos, entidades sindicais e instituições de assistência fiscal sem fins lucrativos, um acordo com o governo limitou a isenção tributária apenas às igrejas. A proposta passou pela análise da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em setembro de 2023 e já conta com o apoio do governo.

Em meio à discussão sobre a imunidade tributária das igrejas, Crivella destacou que a aprovação da PEC não encerra a polêmica em relação à decisão da Receita Federal de acabar com a isenção de contribuição previdenciária para pastores. Ele espera que a Advocacia Geral da União (AGU) emita um novo parecer sobre o tema, de modo a resolver a questão de forma definitiva.

Essa proposta de ampliação da imunidade tributária das entidades religiosas tem despertado debates acalorados entre os parlamentares e a sociedade civil, que questionam a extensão dos benefícios fiscais para além das atividades essenciais das igrejas. A discussão deve continuar no plenário da Câmara dos Deputados, onde será votada em breve.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo