Cocirculação de Vírus Mayaro e Chikungunya em Roraima Desafia Expectativas dos Pesquisadores

Um estudo publicado recentemente na revista “Emerging Infectious Diseases” revelou que os vírus mayaro e chikungunya estão circulando simultaneamente no estado da Amazônia, em Roraima. A descoberta surpreendeu os pesquisadores, que inicialmente acreditavam que a alta taxa de infecção por um dos patógenos impediria a circulação do outro vírus. No entanto, a pesquisa mostrou que ambos os vírus estão presentes na mesma região.

Segundo José Luiz Proença-Modena, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e um dos autores do estudo, a coexistência dos vírus mayaro e chikungunya levanta a necessidade de fortalecer as ações de vigilância epidemiológica na região. A presença desses arbovírus ressalta a importância de implementar métodos moleculares para um diagnóstico preciso, uma vez que as doenças causadas por esses vírus apresentam sintomas semelhantes, como febre alta, dores articulares e cansaço.

O vírus mayaro, transmitido por mosquitos silvestres, pode passar a ser transmitido em ambientes urbanos devido ao desmatamento causado pela exploração ilegal de recursos naturais, como o garimpo. A pesquisa também destacou que trabalhadores em ambientes florestais, como pescadores, podem atuar como ponte facilitando a transmissão do vírus em áreas urbanas.

A cocirculação dos vírus mayaro e chikungunya aponta para a necessidade de uma vigilância robusta para monitorar o potencial estabelecimento do mayaro em ambientes urbanos. O estudo, que faz parte do projeto “Amazônia+10”, busca avaliar o impacto da atividade humana em áreas de floresta na circulação viral, contando com a participação de diversas instituições de pesquisa.

Os pesquisadores identificaram a cocirculação dos vírus em amostras de pacientes com doença febril aguda, sendo que 23,1% testaram positivo para arbovírus, incluindo dengue, mayaro e chikungunya. A descoberta de uma alta frequência de dengue, assim como a presença dos vírus mayaro e chikungunya, alerta para a possibilidade de surgimento de novos patógenos na região. A implementação de vigilância molecular e genômica é fundamental para prever e controlar possíveis novos surtos e garantir a saúde da população.

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