A influência das redes sociais atingiu a cobertura esportiva de forma inédita, moldando uma prática jornalística fortemente marcada pelo entretenimento. Os jornalistas, que antes se limitavam a relatar os acontecimentos, passaram a emitir opiniões e, em alguns casos, a promover marcas e produtos. Esse fenômeno é exemplificado por André Hernan, ex-Globo, que migrou para a NWB, uma gigante das mídias sociais, onde passou a promover marcas e anunciar promoções em seu canal.
Outro exemplo é a dupla Arnaldo Ribeiro e Eduardo Tironi, que se envolveram em um conflito de interesses ao serem patrocinados pela Sportsbet.io, empresa que patrocinava o São Paulo, clube do qual ambos são torcedores declarados. Esse tipo de situação levanta questões éticas e revela um conflito de interesse evidente.
A transparência na relação do jornalista com o público-alvo, ao assumir seu time do coração e emitir opiniões sobre ele, é vista por alguns como uma forma de se sintonizar com os espectadores. Porém, no jornalismo profissional, isso sempre foi encarado como uma falta de isenção.
Essa mudança na prática jornalística também é impulsionada pela popularização de podcasts, nos quais ex-jogadores têm a liberdade de falar sem serem confrontados, e por canais de influencers nos quais jogadores são convidados a participar de desafios de entretenimento.
Assim, o jornalismo esportivo tem se tornado cada vez mais um meio de entretenimento, em constante conflito com os princípios tradicionais da prática jornalística. Com a indústria da mídia enfrentando dificuldades para se manter de pé, essa tendência é impulsionada ainda mais, deixando o leitor/espectador/usuário a tarefa de discernir e compreender a diferença entre entretenimento e jornalismo.