CNJ reafirma necessidade de comissões de heteroidentificação em concursos para juízes em todo o país, definindo melhor momento para etapa.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reafirmou, de maneira unânime, a necessidade de os tribunais de todo o Brasil implementarem comissões de heteroidentificação como parte dos processos seletivos para juízes. Essa decisão veio em resposta a uma consulta feita pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) sobre a aplicação das novas exigências do CNJ em concursos que já estavam em andamento. As resoluções que estabeleceram o Enam (Exame Nacional da Magistratura) e a criação das bancas para candidatos cotistas foram aprovadas no final do ano passado.

Essas comissões têm a função de entrevistar os candidatos autodeclarados e avaliar suas características fenotípicas, como aparência, além de documentos e declarações de pertencimento, especialmente para candidatos indígenas ou quilombolas. Essa etapa é vista como essencial para garantir a transparência e equidade nos concursos públicos para juízes.

A decisão do CNJ acontece em meio a uma polêmica envolvendo a Universidade de São Paulo (USP), que cancelou a matrícula de um aluno de medicina e de outro de direito, ambos por discordâncias nas autodeclarações raciais feitas pelos estudantes. A USP recebeu um grande número de recursos de candidatos que tiveram suas autodeclarações negadas para as vagas reservadas para pretos, pardos e indígenas que estudaram em escolas públicas.

O próprio CNJ enfrenta desafios semelhantes, como o caso de um juiz aprovado por meio de cotas em Rondônia que não foi considerado pardo por uma comissão no Rio Grande do Sul, gerando divergências entre os tribunais. A decisão do CNJ de reafirmar a importância das comissões foi tomada durante uma sessão virtual realizada entre 22 de fevereiro e 1º de março.

O Enam, apoiado pelo ministro Luís Roberto Barroso, busca aumentar a qualificação e valorização da carreira dos magistrados. A resolução que criou o Enam foi aprovada por unanimidade pelo CNJ, possibilitando que os participantes habilitados concorram a vagas em qualquer tribunal do país. A prova será elaborada pela Enfam, e a primeira edição está prevista para abril.

A implementação das comissões de heteroidentificação é vista como essencial para garantir a legitimidade dos concursos públicos e a representatividade nos tribunais, seguindo critérios claros e padronizados. Essa medida visa assegurar a igualdade de oportunidades e a diversidade dentro do Judiciário, promovendo um ambiente mais inclusivo e justo.

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