Clima de desconfiança entre militares e PF preocupa o Ministro da Defesa, que busca soluções para superar conflitos.

O avanço das investigações contra militares tem gerado um certo desconforto nas Forças Armadas em relação à Polícia Federal, instituições que já tiveram episódios de desconfiança mútua desde a transição de governo. De acordo com generais da cúpula do Exército, a coincidência de datas entre as operações que atingiram militares e os dias de celebrações do Exército pode ser vista como uma ação deliberada dos policiais para ofuscá-los. Eles reclamam que todas as datas importantes do Exército até agosto foram marcadas por operações da PF.

No entanto, membros da Polícia Federal argumentam que não houve qualquer intenção nesses atos além do cumprimento de decisões baseadas em descobertas de investigações. A alegação de conspiração é considerada infundada. No entanto, a desconfiança dos militares em relação à PF mostra o quão precária é a relação entre as instituições, na opinião de governistas.

Diante dessa constatação, o ministro da Defesa, José Múcio, e os militares têm trabalhado para minimizar os conflitos. Múcio tem mantido frequentes conversas com Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, na tentativa de melhorar a relação entre as duas instituições. Em uma dessas conversas, o ministro convidou Rodrigues para a cerimônia do Dia do Soldado, enfatizando a importância de sua presença para mostrar à sociedade que todos estão unidos.

O comandante do Exército, Tomás Paiva, também fez um convite ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, para retornar à academia do Comando Militar do Planalto e retomar sua rotina de exercícios ao lado dos militares. Moraes interrompeu essa prática depois de desentendimentos com generais em relação ao processo eleitoral.

Os generais afirmam que as ações para melhorar a relação não têm como objetivo proteger os militares investigados pela PF, mas sim garantir uma boa relação institucional. Por sua vez, os policiais federais afirmam que as investigações não têm como alvo os militares em si, mas sim apurar possíveis crimes, independentemente de serem cometidos por membros das Forças Armadas ou não.

A tensão entre a PF e os militares começou durante a transição de governo, quando houve uma disputa sobre quem iria coordenar a segurança do presidente Lula. A PF, que havia cuidado da proteção do presidente durante a campanha, defendia que parte dessa atribuição saísse do GSI. Porém, após o vencimento de um decreto que criava uma secretaria para esse fim, a coordenação voltou para o GSI, resultando em um modelo híbrido.

Além disso, a PF e o Ministério da Defesa discordaram sobre os rumos do GSI, especialmente após os ataques ao Palácio do Planalto em janeiro. Houve desconfiança de que membros do GSI facilitaram ou foram omissos com as invasões ao Palácio. Também houve divergências em relação aos acampamentos de apoiadores de Bolsonaro em frente aos quartéis-generais, com a PF considerando-os como “incubadoras” de terroristas e os militares se recusando a desarmá-los.

Em suma, a relação entre as Forças Armadas e a Polícia Federal está bastante tensa. No entanto, tanto o ministro da Defesa quanto o comandante do Exército têm buscado maneiras de melhorar essa relação e garantir uma boa cooperação institucional.

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