Chiquita Brands é considerada responsável por financiar grupo paramilitar na Colômbia em decisão histórica nos EUA.

Em uma decisão histórica, um júri no sul da Flórida determinou que a Chiquita Brands é responsável por oito assassinatos cometidos por um grupo paramilitar de direita na Colômbia, durante o longo conflito interno que assolou o país. O veredicto, proferido na última segunda-feira, ordenou que a multinacional pague uma indenização de US$ 38,3 milhões a 16 familiares de agricultores e civis mortos pelo grupo paramilitar Autodefensas Unidas da Colômbia (AUC), que foi financiado pela Chiquita de 1997 a 2004.

Essa é a primeira vez que a Chiquita é considerada culpada em um processo desse tipo, embora tenha enfrentado várias ações judiciais nos Estados Unidos movidas por famílias de vítimas da violência na Colômbia. A decisão do júri pode impactar o desfecho de outros processos semelhantes e tem sido vista como um marco importante no combate à impunidade de empresas multinacionais que se beneficiam de regiões marcadas pela violência e instabilidade social.

O veredito foi comemorado pelos advogados das vítimas, que destacaram a importância de responsabilizar a Chiquita por financiar o terrorismo. A empresa, no entanto, afirmou que planeja recorrer da decisão e ressaltou que não reconhece as acusações feitas contra ela.

Durante o julgamento, os advogados discutiram sobre os pagamentos feitos pela Chiquita ao grupo paramilitar, que foi designado como organização terrorista pelo Departamento de Estado dos EUA em 2001. Os representantes legais das famílias das vítimas argumentaram que a empresa se beneficiou do relacionamento com os paramilitares, que atuavam na região onde a Chiquita mantinha suas operações agrícolas.

A guerra civil na Colômbia, que durou décadas e resultou na morte de milhares de pessoas, teve seu fim em 2016, com a assinatura de um acordo de paz entre o governo colombiano e as FARC, principal grupo armado de esquerda do país. O julgamento na Flórida trouxe à tona os horrores vividos pelas vítimas da violência paramilitar e ressaltou a importância de combater a impunidade das empresas que colaboram com grupos armados em regiões de conflito.

No comunicado emitido após o veredito, a Chiquita afirmou que a situação na Colômbia foi trágica para muitos, mas sustentou que não existe base legal para as reivindicações feitas pelas vítimas. O caso seguirá em recurso, mas a decisão do júri já representa um passo significativo na busca por justiça e reparação para as vítimas dos crimes cometidos com o apoio da empresa multinacional.

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