Um dos temas de maior destaque é a questão do aborto, que se tornou um ponto de divergência para os eleitores. Críticos do novo texto alegam que ele abre brechas para restringir o acesso ao aborto e dificultar o procedimento, o que levou a designer Antonieta Fuentes, de 34 anos, a se posicionar contra o novo texto. Ela afirmou que preferiria “ficar com a Constituição ruim de Pinochet do que com a pior de José Antonio Kast”, em referência ao líder do Partido Republicano.
Fuentes ainda ressaltou que a nova Constituição colocaria em risco as conquistas em relação aos direitos das mulheres e de outras áreas. Por sua vez, o presidente Gabriel Boric, que foi eleito prometendo a reforma na Constituição, garantiu que, “independentemente do resultado, o governo vai seguir trabalhando com as prioridades das pessoas”, citando as áreas da segurança, saúde e habitação.
Além do aborto, o texto também aborda temas como segurança, imigração e privilégios do setor privado nos serviços de saúde. Votantes como Carlos Ronda, 72, afirmaram ter votado a favor do novo texto com base no receio de perder benefícios como sistemas de aposentadoria e de seguro saúde, que são privados.
Entretanto, nem todos concordam com a aprovação do novo texto. O antropólogo Tomás Sepúlveda, 51, havia votado a favor da primeira versão mais progressista do texto, rejeitada em 2022, mas agora mudou para “contra”, demonstrando a variedade de opiniões entre os eleitores.
Em meio a discussões sobre os rumos do país, a apreensão era notável, com eleitores com opiniões divergentes, mas uma sensação de cansaço diante de um processo eleitoral que se arrasta por anos. A incerteza em relação ao resultado e as implicações do novo texto constitucional geram um clima de tensão no país.
A votação no Estádio Nacional de Santiago é um marco na história do Chile, e as consequências desse momento decisivo certamente moldarão o futuro do país e dos chilenos.