O movimento, que ficou conhecido como “estallido social” em espanhol, colocou em xeque o governo de direita de Sebastián Piñera, exigindo melhorias no acesso à saúde, educação e previdência. As manifestações foram muitas vezes violentas e levaram as forças políticas a concordarem em alterar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet, apontada como origem das desigualdades sociais.
Apesar de dois processos de redação, um liderado pela esquerda radical e outro pela extrema direita, os chilenos acabaram rejeitando a mudança constitucional. No entanto, como destacou a médica Leticia Álvarez, as sementes do “estallido”, representadas pela busca por dignidade, ainda estão presentes na população.
Atualmente, a maior preocupação dos chilenos não são mais as reivindicações por justiça social, mas sim a insegurança. A pesquisa do Centro de Estudos Públicos mostrou que apenas 23% da população apoia as mobilizações de 2019, enquanto em seu auge esse apoio chegou a 55%.
Apesar de nenhuma mudança significativa ter sido alcançada, fica claro que as marcas deixadas pelo “estallido social” ainda ecoam na sociedade chilena. O sentimento de busca por dignidade e justiça continua presente, mesmo diante das novas preocupações e desafios enfrentados pelo país.