Braga ressaltou que, apesar da presença do centrão entre esses extremos ideológicos, os partidos que compõem esse grupo se orientam agora como centro-esquerda e centro-direita. Isso pode representar um desafio para a futura articulação de um terceiro governo de Lula, uma vez que há uma divergência ideológica entre o núcleo da coalizão e os aliados do centrão.
Já Graziella Testa, pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas em Brasília, apontou que o centrão atual, ou “centrão 2.0”, difere bastante do grupo formado durante a Constituinte, evidenciando uma postura mais fisiológica desde o impeachment de Dilma Rousseff. Ou seja, suas ações estão mais relacionadas a benefícios privados do que a convicções ideológicas.
Além disso, Testa destacou um fortalecimento do PSD, um crescimento menor do que o esperado do PP e um resgate do MDB, partidos que se destacaram nas eleições municipais. O PSD, o MDB, o PP e o União Brasil conquistaram mais de 3 mil prefeituras, demonstrando a influência e o poder de articulação dessas legendas.
No campo partidário, o PL se destacou como a legenda com a maior soma de votos para prefeitos, enquanto o PT obteve resultados melhores do que em 2020, mas ainda enfrentou desafios para consolidar apoios. O contexto político atual, marcado por mudanças sociais e dilemas complexos, representa um desafio para os partidos de esquerda, que precisam apresentar propostas que mobilizem os eleitores. A polarização política e a necessidade de construir coalizões sólidas são aspectos que devem influenciar o cenário político nos próximos anos.