Jan, de 70 anos, e Els, de 71 anos e sofrendo de demência, encontravam-se em uma situação em que suas condições de vida já não lhes traziam mais qualidade. Jan, ex-jogador de hóquei e treinador esportivo, enfrentava dores crônicas nas costas, enquanto Els lutava para formular frases devido à progressão de sua demência.
O casal, que se conheceu no jardim de infância, sempre compartilhou o amor pela água, barcos e vela. Juntos, viveram em uma casa flutuante, compraram um barco cargueiro para transportar mercadorias pelos canais da Holanda e, por fim, estabeleceram-se em um trailer espaçoso.
A decisão de recorrer à eutanásia não foi tomada de forma precipitada. Conscientes da legalidade e da ética envolvidas nesse procedimento nos Países Baixos, Jan e Els dialogaram com seus familiares e médicos sobre o seu desejo de finalizar suas vidas em conjunto.
A prática da duo-eutanásia, ainda pouco comum, requer uma cuidadosa avaliação médica para garantir que ambos os parceiros estejam em plenas condições de consentir com a ação final. Nesse caso, os médicos da clínica móvel de eutanásia acompanharam o procedimento e concederam o desejo do casal.
A morte de Jan e Els, que ocorreu de forma pacífica e acompanhada por familiares e amigos, foi marcada pela música e pelas memórias compartilhadas ao longo dos anos. O trailer em que viveram ainda permanece, guardando as lembranças de uma vida dedicada à aventura e à liberdade.
Para o filho do casal, que testemunhou o momento final dos pais, resta a tarefa de preservar as memórias e de seguir em frente. O legado de Jan e Els perdurará não apenas pelas histórias vividas, mas também pela coragem de escolher o momento e a forma de partir.
Assim, a história de Jan e Els é um reflexo da difícil e complexa decisão de encerrar a própria vida em meio a circunstâncias extremas e, ao mesmo tempo, um testemunho do amor e da harmonia que permearam toda uma existência compartilhada.