Repórter São Paulo – SP – Brasil

Candidatos indígenas recebem apenas 0,37% dos R$ 5 bilhões declarados nas eleições de 2024, aponta balanço parcial realizado pelo Congresso em Foco.

Um balanço parcial realizado pelo Congresso em Foco em parceria com a plataforma 72horas revelou que candidatos autodeclarados indígenas receberam apenas 0,37% dos R$ 5 bilhões declarados pelas candidaturas à Justiça Eleitoral até o momento. Com menos de duas semanas para o primeiro turno das eleições, foram destinados R$ 18,3 milhões para esse grupo racial, sendo R$ 11,4 milhões para 741 homens indígenas e R$ 6,8 milhões para 507 mulheres.

Os dados foram levantados a partir do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (FEFC), fundo partidário e outras modalidades de financiamento disponíveis. No total, 2.479 candidatos se declararam indígenas entre as 461,7 mil candidaturas registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste ano. A maioria das candidaturas indígenas está concentrada nas regiões Norte e Nordeste.

De acordo com um cruzamento feito na plataforma 72horas, o repasse para candidatos brancos ultrapassa os R$ 3 bilhões. Os partidos políticos tendem a priorizar os recursos financeiros para candidaturas que consideram com mais chances de vencer, o que acaba favorecendo postulantes à reeleição, figuras públicas locais, dirigentes partidários e seus familiares.

Em relação às eleições municipais, 46 indígenas concorrem ao cargo de prefeito, sendo 40 homens e seis mulheres. Para Almir Suruí, liderança indígena candidata à prefeitura de Cacoal (RO), o baixo financiamento impacta diretamente na estrutura das campanhas, dificultando o alcance de voos mais altos na disputa política. Almir ressaltou a importância de uma estrutura adequada para levar suas propostas à sociedade de forma eficaz.

Na busca por uma distribuição mais equitativa de recursos, o TSE determinou que os partidos devem distribuir os recursos financeiros aos candidatos indígenas proporcionalmente ao número de candidaturas formalizadas. Essa decisão, no entanto, ainda está em processo de regulamentação e não vale para as eleições de 2024. A deputada federal Célia Xakriabá (Psol-MG) defende que a distribuição igualitária de recursos é uma forma de reparação histórica para afastar os indígenas de espaços de tomada de decisões políticas.

Diante dos desafios enfrentados pelos candidatos indígenas na disputa eleitoral, a luta por uma representação mais justa e inclusiva continua sendo uma pauta fundamental para garantir a diversidade e a democracia no cenário político brasileiro.

Sair da versão mobile