O favoritismo de Milei, que contava com o apoio da família Bolsonaro e seus seguidores no Brasil, foi abalado pelo desempenho surpreendente de Massa nas prévias argentinas de agosto. Naquela ocasião, Milei saiu como grande vencedor com 7,3 milhões de votos, porém, nas eleições gerais, ele conseguiu conquistar apenas mais 500 mil votos. Já Massa angariou a simpatia de outros 2,9 milhões de eleitores.
Em seu discurso de comemoração, Massa apelou pela união nacional, deixando claro o seu pedido de apoio a Patricia Bullrich, ex-ministra do ex-presidente Mauricio Macri. Bullrich não obteve o desempenho esperado e acabou com menos votos do que nas prévias de agosto. Massa declarou que “a divisão está morta” e prometeu governar com os melhores.
É importante ressaltar que a vitória de Milei é vista pela direita como uma oportunidade de retomar o espaço perdido nos últimos quatro anos na América do Sul. Em 2019, presidentes considerados de direita governavam em dez dos 12 países do subcontinente, mas agora esse número caiu para apenas três. Na semana passada, 69 deputados bolsonaristas manifestaram seu apoio a Milei por meio de uma carta, e o próprio presidente Jair Bolsonaro gravou um vídeo apoiando o candidato. Além disso, um vídeo que compara Milei a Bolsonaro de maneira negativa viralizou nas redes sociais tanto na Argentina quanto no Brasil.
Massa, de 51 anos, além de ministro da Economia, é advogado e membro do partido peronista União pela Pátria, o mesmo do presidente Alberto Fernández. Ele conquistou as primárias de sua legenda após três tentativas e também já ocupou a presidência da Câmara dos Deputados.
Por outro lado, Milei, de 53 anos, é economista e se autodenomina “anarcocapitalista”. Ele faz parte da coalizão conservadora La Libertad Avanza e suas propostas de liberalismo extremo incluem a redução drástica de subsídios e do aparato estatal, além do fechamento do Banco Central, a saída do Mercosul e a dolarização da economia. No entanto, essas medidas são consideradas inviáveis por economistas menos radicais. Vale ressaltar também que Milei declarou que não negociará com o governo brasileiro enquanto Lula for presidente.
O cenário político na Argentina está cada vez mais acirrado, e o segundo turno em novembro definirá qual rumo o país tomará nos próximos anos.