Campanha militar dos EUA no Oriente Médio enfrenta resistência diante da oposição internacional e desafios estratégicos.

Empresas de logística investem em rotas mais longas, realizando o périplo africano para contornar a desestabilização do mar Vermelho. Essa decisão acaba impactando no valor do frete e, consequentemente, encarecendo os produtos comercializados. No entanto, o impacto econômico desta desestabilização parece não ter sido suficiente para angariar apoio internacional à campanha dos EUA contra os houthis.

O convite do governo dos EUA para os 39 membros das Forças Marítimas Combinadas – uma coalisão de segurança marítima liderada pelos EUA no Oriente Médio – para participar da Operação Guardião da Prosperidade contra os houthis teve adesão oficial de apenas 10 países, sendo o Bahrein o único representante árabe. A ausência de potências regionais do Oriente Médio na operação coloca em dúvida a efetividade do uso da força militar em um caso tão complexo, que tem como origem fundamental o conflito na Faixa de Gaza.

“A opção militar dificilmente é a única opção, em quaisquer circunstâncias. No entanto, é possível afirmar que a escolha preferencial pelo veículo militar tem sido uma tendência quase estrutural da política externa estadunidense”, disse Forner. A professora de Relações Internacionais, em entrevista ao Sputnik Brasil, ressaltou que os aparatos militares dos EUA, como o Pentágono, têm sido muito melhor financiados do que os instrumentos civis da política externa do país, como o Departamento de Estado.

O professor de Relações Internacionais da Universidade Federal de Uberlândia, Filipe Mendonça, também ressaltou que a resposta militar tem suas dificuldades, uma vez que os combatentes houthis são hábeis em guerra irregular, o que dificulta o direcionamento eficaz por forças convencionais.

Recentes ataques da Operação Guardião da Prosperidade não conseguiram diminuir o poder de fogo do grupo iemenita. O presidente Biden reconheceu a ineficiência da operação, afirmando que “a operação está parando os houthis? Não. Mas ela vai continuar? Sim”. Para Mendonça, a equação é difícil e pode ser prejudicial para os EUA, pois uma resposta dura demais pode acabar por legitimar os houthis, enquanto uma resposta branda demais pode aumentar a percepção de enfraquecimento da presença dos EUA na região.

A operação dos EUA pode aumentar a popularidade das forças houthis no Oriente Médio, como a única que teria reagido às hostilidades israelenses em Gaza. Além disso, a reputação regional do país é danificada, gerando críticas internas ao governo Biden.

O presidente dos EUA é alvo de duras críticas, inclusive por seus correligionários, por não ter solicitado autorização do Congresso para utilizar a força contra os houthis. Em ano de embate eleitoral, o tema pode diminuir ainda mais a popularidade de Biden. Diante desse cenário, a melhor saída seria acabar com a guerra em Gaza, concluiu o professor de Relações Internacionais da UFU, Filipe Mendonça.

Na última semana, uma série de confrontos entre forças navais dos EUA e do Reino Unido contra o grupo houthi foram reportados. No domingo (21/01), as forças houthis anunciaram ter atacado com sucesso o navio de bandeira norte-americana Ocean Jazz. As Forças Armadas dos EUA negaram a informação.

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