Repórter São Paulo – SP – Brasil

Brasil frustrado no quinto dia de autorizações para saída de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade de Gaza.

O Brasil enfrenta mais um revés no processo de liberação de estrangeiros e pessoas com dupla nacionalidade que se encontram na Faixa de Gaza. Após conversas com os países envolvidos, o país foi informado de que não haveria nenhuma lista de autorizações para sair do território no quinto dia consecutivo. Segundo Alessandro Candeas, embaixador junto à Autoridade Nacional Palestina, o ritmo de saída no posto de fronteira de Rafah tem sido lento e poucas pessoas têm conseguido deixar a região.

Atualmente, o Brasil possui 34 pessoas inscritas na lista para repatriação em Gaza, sendo 24 brasileiros, 7 palestinos em processo de imigração e 3 parentes próximos desses árabes. Dessas, 18 se encontram no ponto de fronteira de Rafah e 16 na cidade de Khan Yunis, a cerca de 10 km dali. No entanto, a prioridade para saída ainda não está clara.

Para que uma pessoa deixe Gaza, é necessário que seu nome seja autorizado pelo Egito, país que receberá o refugiado, por Israel, que não deseja a saída de terroristas infiltrados, e pelos mediadores Estados Unidos e Qatar. O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, já conversou com todos os envolvidos em algum momento da crise, incluindo o conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Jake Sullivan, que foi contatado pelo assessor internacional do Planalto, Celso Amorim.

Na sexta-feira, o chanceler de Israel, Eli Cohen, afirmou a Vieira que todos os brasileiros deverão sair até quarta-feira. No entanto, não se sabe se ele se referia apenas aos cidadãos natos ou também aos palestinos do grupo. Enquanto isso, o tempo está correndo contra os brasileiros, que continuam enfrentando os ataques de Israel nas cidades de Khan Yunis e Rafah, mesmo que a maior ação militar esteja focada no norte da Faixa de Gaza.

O embaixador Alessandro Candeas já teve que retirar os brasileiros da escola onde estavam abrigados em Gaza e levá-los para Rafah, enquanto parte do grupo já estava em Khan Yunis. No entanto, a situação está se tornando cada vez mais complicada, com o portão em Rafah sendo aberto de maneira inconstante e muitas pessoas listadas para sair não conseguindo fazê-lo.

É importante ressaltar que a Cisjordânia é reconhecida como um governo de fato pelas Nações Unidas, enquanto Gaza possui uma situação distinta desde 2007, quando o grupo terrorista Hamas expulsou os rivais da Autoridade Nacional Palestina do território. Israel e Egito estabeleceram um cerco ao território, controlando a entrada e saída de pessoas e bens.

Enquanto a espera continua, teorias conspiratórias começam a surgir. A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, afirmou em redes sociais que Israel é responsável pela retenção dos brasileiros. No entanto, isso ignora o fato de que outros países, como a Indonésia, também foram favorecidos nas listas de autorizações, ainda que os Estados Unidos sejam líderes nesse aspecto, devido ao maior contingente de pessoas em Gaza.

Até o momento, 1.410 pessoas que estavam em Israel e 32 que moravam na Cisjordânia já foram repatriadas, tornando essa a maior ação do tipo em tempo de guerra na história brasileira. No entanto, o Brasil continua buscando soluções para garantir a saída segura de seus cidadãos e palestinos residentes no país.

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