Repórter São Paulo – SP – Brasil

Boxeadora cubana Namibia Flores Rodríguez se destaca como lenda do boxe feminino mesmo sem lutar em ringues oficiais

No mítico ginásio “El Trejo”, localizado em frente à Igreja de La Merced, na Havana Velha, um grupo de pessoas se exercita sob o olhar atento do treinador. Entre eles está Namibia Flores Rodríguez, uma lendária figura do boxe feminino cubano. Mesmo sem nunca ter tido a oportunidade de lutar em um ringue oficial, Namibia é uma campeã sem medalhas, cujo nome ecoa por todo o mundo. Apesar de suas batalhas terem sido travadas fora dos ringues, ela guarda suas cicatrizes como um testemunho de sua feroz determinação.

Namibia é considerada uma pioneira do boxe feminino em Cuba e sua história foi tema de vários documentários. O mais recente deles, intitulado “Guantes sin ring” (Luvas sem ringue), realizado pela diretora cubana Karen Sotolongo, foi selecionado para participar do prestigioso festival DOC NYC. O documentário curta-metragem explora a história do boxe feminino na ilha, por meio de diferentes narrativas de vida.

Em uma entrevista ao Brasil de Fato, Namibia revela como o boxe lhe ensinou a ter confiança em si mesma e a se levantar mesmo depois de tantas quedas. Ela sempre teve uma paixão pelos esportes desde criança e lutou contra as limitações impostas pela vida. Sua avó costumava dizer que seu lugar era na cozinha e nas tarefas domésticas, mas Namibia não teve medo de lutar contra os estereótipos.

A oficialização do boxe feminino em Cuba, em 5 de dezembro de 2022, foi um choque para Namibia. Por um lado, era uma conquista pela qual ela havia lutado durante mais de 15 anos. Por outro lado, a aprovação veio quando ela já tinha 46 anos, seis anos a mais do que a idade limite estabelecida pela Associação Internacional de Boxe (AIBA) para competir oficialmente.

Cuba é conhecida por ser um país com tradição no boxe, sendo o segundo país com o maior número de medalhas olímpicas na modalidade. Com 41 medalhas de ouro, a nação caribenha fica atrás apenas dos Estados Unidos, que possuem 50.

Namibia relata que sua paixão pelo esporte começou quando ela era criança e assistia às competições de boxe transmitidas pela televisão. Ela sentia uma afinidade com o boxe, mas foi somente em 2006, ao passar pelo ginásio “El Trejo”, que ela teve a chance de treinar boxe. Desde então, Namibia dedicou-se intensamente ao esporte e se apaixonou ainda mais.

Ela recebeu treinamento de Nardo Mestre Flores, uma lenda do boxe cubano, que acreditava em seu talento mesmo em uma época em que pouquíssimas mulheres praticavam boxe, e isso ainda era mal visto socialmente. Com o tempo, Namibia desenvolveu suas habilidades e recebeu sua primeira oportunidade de lutar profissionalmente, apenas três meses após começar a treinar com luvas.

A história de Namibia Flores Rodríguez é inspiradora e mostra como a determinação e a persistência podem levar ao sucesso, mesmo diante de desafios e limitações. Sua contribuição para o boxe feminino em Cuba é inegável, e ela é uma prova viva de que, com coragem e dedicação, é possível superar barreiras e alcançar grandes conquistas.

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