A publicação apagada pelo deputado citava os ganhos dos 0,01% mais ricos, grupo que viu praticamente dobrar o crescimento médio de sua renda (96%) entre 2017 e 2022. Enquanto isso, os ganhos da imensa maioria da população adulta (os 95% mais pobres) não avançaram mais do que 33% – pouca coisa acima da inflação do período (31%). A renda de 15 mil pessoas pertencentes ao topo da pirâmide social no Brasil cresceu nos últimos anos até o triplo do ritmo observado entre o restante da população, elevando a concentração da riqueza ao fim do governo Bolsonaro.
Após a publicação e subsequente exclusão, aliados de Bolsonaro criticaram o parlamentar, e até o ex-presidente se pronunciou sobre a situação nas redes sociais. Carla Zambelli (PL-SP) questionou Boulos sobre o motivo do apagamento da publicação, ironizando a situação e afirmando que a renda do mais pobre subiu 33% durante os 4 anos do governo Bolsonaro. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil) também comentou a situação, fazendo piadas e criticando a atitude do deputado.
Após a repercussão, Bolsonaro republicou a imagem da publicação apagada de Boulos e ironicamente agradeceu, afirmando que o parlamentar foi sincero ao expor, na visão dele, um avanço na distribuição de renda em sua gestão. A desigualdade social é um dos temas centrais do discurso de Boulos na pré-campanha, e ele tem destacado sua trajetória de mais de 20 anos em movimentos sociais à frente do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto). Ele tem declarado que quer se eleger prefeito para combater a discrepância de realidade entre moradores das regiões ricas e periféricas da capital e não se importa de ser chamado de radical na luta por condições dignas de vida e moradia para as classes menos favorecidas.