Bacia hidrográfica dos rios PCJ, em São Paulo, apresenta alto nível de contaminação por PFAS e pesticidas, revela estudo da Unicamp.

O estudo realizado por pesquisadores da Unicamp e outras instituições revelou a grave situação de contaminação na bacia hidrográfica dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí, conhecida como bacia PCJ. Essa região é responsável por abastecer mais de 5,8 milhões de pessoas em 76 municípios do estado de São Paulo. Com uma extensa área de drenagem de mais de 14 mil km², essa bacia enfrenta atualmente uma escassez hídrica decorrente da crise climática global.

No entanto, a escassez hídrica não é o único problema que afeta essa bacia. A poluição causada por efluentes agrícolas, industriais e domésticos também é uma questão preocupante. Através desse estudo, foi possível identificar as áreas contaminadas e os tipos de contaminantes presentes, bem como calcular sua concentração, frequência e toxicidade. Isso ajudou a compreender os potenciais riscos para os seres humanos e para os organismos aquáticos.

Um dos principais achados do estudo foi a presença de compostos perfluoroalquilados (PFAS) nos rios da região. Esses compostos são utilizados pela indústria em uma variedade de produtos e estão associados a problemas de saúde humana, como o aumento do risco de diversos tipos de câncer, incluindo câncer de rim, próstata e testículo. Além disso, foram detectados outros 44 contaminantes diferentes, com destaque para os pesticidas agrícolas atrazina, carbendazim, tebutiuron e 2,4-D, que foram encontrados em 100% das amostras coletadas.

Outros contaminantes encontrados incluem a cafeína e o bisfenol A (BPA), presentes nos esgotos domésticos. Embora a cafeína seja tolerada pelos humanos, ela pode ser prejudicial para a vida aquática. Já o BPA é uma substância química utilizada na fabricação de diversos produtos, como plásticos e revestimentos de alto desempenho.

A bacia PCJ é um importante centro agrícola e industrial, além de abrigar cidades de grande porte, como Campinas. Portanto, garantir a qualidade da água é essencial não apenas para o abastecimento da população, mas também para a irrigação nas áreas agrícolas. Atualmente, não há uma legislação que exija o monitoramento desses contaminantes emergentes, o que torna ainda mais urgente a implementação de um programa de monitoramento abrangente para proteger a vida aquática e a saúde humana.

A Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) realiza medições periódicas em pontos de amostragem na bacia PCJ, incluindo a detecção de agrotóxicos e compostos emergentes. No entanto, é preciso intensificar esses esforços diante da gravidade da contaminação constatada pelo estudo.

Portanto, diante dos resultados alarmantes desse estudo, é fundamental que sejam adotadas medidas urgentes para mitigar a contaminação na bacia PCJ. A implementação de políticas de gestão eficiente dos resíduos sólidos e o saneamento adequado são essenciais para evitar a liberação desses contaminantes no ambiente. Além disso, é necessário estabelecer padrões de qualidade e legislações mais rigorosas para controlar e monitorar os compostos emergentes, a fim de garantir a proteção da vida aquática e da saúde humana nessa importante região do estado de São Paulo.

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