Aumento do fluxo migratório preocupa especialistas e gera confronto entre a Tunísia e a União Europeia

O fluxo migratório da Tunísia para a União Europeia tem aumentado significativamente, e especialistas acreditam que o presidente tunisiano, Kais Saied, está buscando apoio de líderes europeus, como a política italiana Giorgia Meloni, para lidar com a situação. Christian Hanelt, especialista em Oriente Médio e Norte da África da Fundação Bertelsmann, destaca que Saied espera que Meloni, que prometeu limitar a migração na Itália, forneça apoio financeiro direto e incondicional. Além disso, Saied espera que a União Europeia intensifique o apoio às autoridades de segurança e à guarda costeira da Tunísia.

No entanto, as negociações com líderes europeus também são uma tentativa de superar o isolamento diplomático no qual Saied se encontra devido à sua política autoritária interna. Embora Meloni seja vista como favorável a Saied no contexto diplomático, ela não pode ajudá-lo a obter ajuda financeira da União Europeia devido aos padrões políticos, de direitos humanos e às reformas exigidas pelo Fundo Monetário Internacional – algo que Saied se opõe.

Enquanto isso, especialistas alertam que o fluxo migratório para a Europa continuará a aumentar, tornando-se ainda mais difícil no futuro. Refugiados veem as conversas entre líderes europeus e o presidente tunisiano como um sinal de que a migração pode se tornar mais complicada, e a situação econômica ruim, juntamente com declarações negativas de Saied sobre os migrantes africanos, também têm impulsionado o aumento do fluxo migratório irregular.

O governo tunisiano tem demonstrado indiferença às críticas recebidas e tem demonstrado estar ciente de seu poder. O país recusou a entrada de cinco membros do Parlamento Europeu que queriam avaliar a situação dos direitos humanos no país, citando a rejeição de Saied a interferências externas em assuntos domésticos.

No entanto, o acordo de migração entre a Tunísia e a União Europeia tem gerado críticas. Há incerteza sobre sua capacidade de impedir a migração ilegal de forma eficaz, enquanto a Tunísia também é criticada por sua abordagem aos migrantes. Autoridades tunisianas já abandonaram migrantes desprotegidos em uma área deserta na fronteira com a Líbia, e o presidente Saied já fez declarações negativas sobre os migrantes africanos.

Diante desse cenário, Johannes Kadura, da Fundação Friedrich Ebert, enfatiza que a União Europeia não pode se esquivar de suas responsabilidades, especialmente quando assina acordos desse tipo. Kadura afirma que é necessário garantir que os migrantes que forem barrados na travessia sejam tratados de forma humana e tenham a possibilidade de retorno ao seu país de origem.

Em suma, as negociações sobre a migração entre a Tunísia e a União Europeia são um teste de força entre as duas partes. Enquanto a Tunísia tem meios para aumentar o fluxo migratório na direção da Europa, a União Europeia detém recursos financeiros que o país precisa. Resta saber se ambos os lados estão realmente interessados em bloqueios mútuos.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo