Aumento da desigualdade entre os super ricos e a classe média se torna um perigo para a democracia

A desigualdade econômica nos Estados Unidos está se aprofundando cada vez mais, com a distância entre os super ricos e a classe média aumentando exponencialmente. Essa é a opinião de David Jacobs, professor emérito de Sociologia da Universidade Estadual de Ohio e especialista no assunto, que destacou a importância desse momento histórico para entender a desigualdade atual.

De acordo com Jacobs, existem duas lacunas que merecem ser observadas. A primeira é a diferença entre os pobres, a classe trabalhadora, e a classe média. A segunda é a distância entre a classe média e os super ricos. No passado, os estados mais desiguais nos EUA eram aqueles com maior discrepância entre os mais pobres e a classe média, como Mississippi, Alabama e Louisiana. No entanto, atualmente, os estados mais desiguais são Nova York, Connecticut e Califórnia, justamente por abrigarem uma grande concentração de indivíduos extremamente ricos.

Jacobs ressalta que essa desigualdade pode ser solucionada, mas falta vontade política para isso. Segundo ele, a desigualdade é resultado de decisões políticas da sociedade. Durante a crise da Covid-19, por exemplo, houve um aumento significativo dos auxílios destinados às crianças e a pobreza infantil diminuiu imediatamente. Aumentar os auxílios financeiros para os mais pobres é uma maneira eficaz de reduzir a distância entre eles e a classe média.

Além disso, a desigualdade de renda também gera desigualdade política. Aqueles que possuem mais dinheiro têm mais influência sobre os rumos do país, o que mina a confiança da sociedade nas instituições democráticas. Isso acontece não apenas nos EUA, mas em todas as sociedades capitalistas. Omar Ocampo destaca que pesquisas mostram como os super ricos exercem influência política por meio de doações de campanha e lobby. A concentração de poder nas mãos de poucos leva a um enfraquecimento da democracia e, consequentemente, da liberdade.

O professor Jacobs vai além e afirma que a desigualdade também pode explicar parte do apoio recebido por Donald Trump na sociedade americana. Muitas pessoas que vivem em regiões onde as fábricas fecharam e as oportunidades de emprego são escassas estão frustradas e veem em Trump um líder que representa suas insatisfações. Essa frustração, segundo Jacobs, pode levar ao apoio a líderes antidemocráticos.

Em suma, a desigualdade econômica está crescendo nos Estados Unidos, com a distância entre os super ricos e a classe média se aprofundando ainda mais. Essa desigualdade tem consequências tanto para a democracia quanto para a liberdade, e é fundamental que a sociedade tome decisões políticas para diminuir essa disparidade.

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