ATAQUE À VIDA: Profissionais de Saúde e Guerra no Oriente Médio – Resolução da AMA e o silêncio forçado na Palestina

A revista Journal of the AMA (JAMA) publicou um artigo do Dr. Matthew Wynia, copresidente do Grupo de Trabalho da AMA sobre Verdade, Reconciliação, Cura e Transformação, que apresenta três pontos inegáveis de defesa da vida, independentemente das circunstâncias.

Em primeiro lugar, a condenação à desumanização e aos atos de genocídio, seguida pela oposição vigorosa tanto ao antissemitismo quanto ao ódio anti-muçulmano e, em terceiro lugar, a responsabilidade especial de se manifestar contra certos crimes de guerra. O Dr. Wynia enfatiza o papel de proteção à vida que os profissionais de saúde devem ter e afirma que “salvar uma única vida é salvar um mundo inteiro”.

No entanto, apesar desse apelo à preservação da vida, a Associação Médica Americana (AMA) se recusou a abrir discussão sobre uma resolução de cessar-fogo em Gaza durante a reunião recente da Câmara dos Delegados, o que levanta questões sobre os valores defendidos pela AMA e os interesses que representam.

Além disso, a propaganda divulgada por Israel sobre a presença do quartel-general do Hamas sob um dos hospitais de Gaza, o Al-Shifa, tem gerado confusão moral em torno da proteção dos profissionais de saúde e das instalações de saúde. Isso fica evidente nos ataques diretos das Forças de Defesa de Israel (IDF) aos hospitais de Gaza, como o complexo hospitalar Al-Shifa, resultando na destruição do hospital e na morte de recém-nascidos em incubadoras devido à falta de eletricidade.

O ataque de Israel aos serviços de saúde de Gaza é visto como um ataque à alma da profissão médica, que, por sua vez, é apoiado pela AMA através de um silêncio forçado. Isso levanta questões sobre as motivações por trás das declarações contundentes feitas pela AMA em relação a outras questões globais, contrastando com o silêncio sobre os acontecimentos em Gaza.

Diante desse cenário, a posição da AMA levanta dúvidas sobre quem ela realmente representa e quais interesses estão em jogo. A recusa em abrir discussões sobre a preservação da vida em Gaza, aliada à permissão para ataques diretos a hospitais e profissionais de saúde, desafia os princípios éticos e morais da profissão médica, representando uma afronta à noção de que “toda vida é sagrada”.

A questão que persiste é se a AMA defende apenas as causas delineadas pelo Departamento de Estado dos EUA ou se realmente representa as opiniões coletivas dos médicos que a compõem. Essa ambiguidade moral e ética nos força a questionar os valores da própria associação e a buscar respostas sobre suas reais intenções e compromissos com a preservação da vida humana.

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