Associações de Advogados se Manifestam Contra Projeto de Lei que Equipara Aborto a Homicídio após 22 Semanas de Gestação.

Sete associações de advogados se manifestaram nesta sexta-feira, 14, contrárias ao projeto de lei que equipara o aborto após 22 semanas de gestação ao crime de homicídio. Essas entidades alegam que a proposta é inconstitucional e vai de encontro ao posicionamento do Supremo Tribunal Federal (STF), demonstrando disposição para judicializar o debate caso o texto seja aprovado no Congresso.

A Câmara dos Deputados aprovou urgência na tramitação do PL, o que significa que o texto pode seguir diretamente ao plenário, sem passar pelas comissões permanentes, como é comum. A advogada Patricia Vanzolini, presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), expressou grande preocupação com a rapidez na tramitação do projeto.

“Esta mudança cria uma barreira significativa para as mulheres e meninas que foram vítimas de estupro, muitas vezes forçando-as a levar a gravidez até o final, o que pode ser considerado tratamento cruel e degradante”, afirmou Patricia. Ela também ressaltou que a equiparação do aborto ao crime de homicídio é inédita na legislação brasileira desde 1830.

O Conselho Federal da OAB constituiu uma comissão temporária para analisar o projeto, composta por sete advogadas especializadas em direitos humanos, direitos das mulheres e saúde. Além da OAB, outras entidades como o Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB), Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (Abracrim) expressaram repúdio ao projeto, destacando que a criminalização da vítima de estupro é injusta e indigna.

Os advogados enfatizaram que a questão do aborto envolve temas complexos como saúde pública, direitos humanos e justiça social, que devem ser debatidos com profundidade e seriedade. A aceleração na tramitação do projeto pode levar a decisões precipitadas com consequências irreparáveis para a sociedade. Até o momento, o Código Penal brasileiro não estabelece um limite de idade gestacional para a realização do aborto.

Diante desse cenário, as associações de advogados estão empenhadas em garantir que os direitos fundamentais das mulheres sejam respeitados e que medidas de proteção adequadas sejam adotadas em casos de violência sexual. Para eles, a criminalização do aborto após determinado prazo gestacional é equivocada e não condiz com a realidade do país.

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